sexta-feira, agosto 15, 2008

Plano Cohen: uma revolução em marcha - (Denúncia aos Chefes Militares)

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Como o material que se segue é longo, nós deste site, começamos pela conclusão, que, afinal, é o que há de mais grave no documento, fazendo de seu corpo total um apoio necessário às conclusões a que se chegam. Leiam.

Por Carlos José Pedrosa

Conclusão

Ao longo dos séculos, sempre a História se repete. O que ocorreu com os exércitos de Napoleão, na Rússia, também ocorreu com os exércitos de Hitler; batalhas da era moderna certamente já haviam ocorrido com as legiões do Império Romano. Os agitados dias atuais, no Brasil, também nos parecem uma repetição do que ocorreu em 1935, 1937, 1963 e 1964. Quem duvida preste atenção ao que está ocorrendo ao nosso redor:

  • Integrantes do MST invadem propriedades particulares, destroem plantações, matam animais, danificam instalações, cometem assassinatos e se recusam a cumprir decisão judicial que determina a desocupação; quando desocupam, deixam um rastro de destruição, mortes e prejuízos;
  • Com freqüência, quando a polícia promove buscas em acampamentos, são encontradas armas de fogo, o que desmente as afirmativas de que o MST é apenas um movimento reivindicatório e pacífico, ou que é um “movimento social”;
  • Os mesmos integrantes, quando têm uma pendência com o governo, bloqueiam estradas e pontes e impedem o direito constitucional de ir e vir, prejudicando os usuários das estradas, não o governo;
  • Quando ocupam repartições públicas, como o INCRA, tomam os funcionários como reféns e os ameaçam, impedem sua saída, danificam móveis e computadores, e ainda exigem a presença de dirigentes do órgão, como se estes fossem seus subordinados;
  • Quando promovem qualquer ocupação, têm o descaramento de dizer que “isto aqui é nosso”!
  • Quando andam pelas estradas, em filas duplas, demonstram claramente que constituem a “infantaria” do MST, os “kossakos” do novo “exército vermelho treinando para a revolução comunista;
  • Andam pelas estradas portando foices e facões, que no campo são instrumentos de trabalho, mas nas estradas são armas e com elas ameaçam a própria polícia, sem que nada lhes aconteça;
  • Ocupam praças e ruas nas cidades e recebem banheiros públicos, mas quando se retiram deixam um rastro de podridão e mau cheiro;
  • Promovem ocupações “exigindo” (sic) a liberdade de companheiros presos ou condenados, pela Justiça, pela prática de ações ilegais;
  • Como uma “organização” sem existência legal (sem registro nos órgãos competentes), recebe verbas do governo, o que é irregular, e as usa ao seu bel prazer;
  • Uma “organização” que adota tantas práticas ilegais tem sido considerada um “movimento social” (sic);
  • Organizações sindicais recebem recursos do governo e não são fiscalizadas pelo Tribunal de Contas da União;
  • Sindicatos promovem greves e danificam os bens das empresas, sem ressarcir os prejuízos e sem que a Justiça os obrigue a isso;
  • Subversivos estão instalados em vários órgãos do governo, recebendo salários indevidos e zombando dos cidadãos honestos e dos que lutaram – muitos morreram – contra a subversão;
  • Entidades que se dizem de “direitos humanos” promovem constantes campanhas de desmoralização contra a instituição das Forças Armadas, ao mesmo tempo em que enaltecem os que pretendiam implantar uma ditadura comunista, sob o olhar complacente do governo (sic);
  • As Forças Armadas há décadas vêm sendo sucateadas – o que diminui seu poder de reação e aumenta sua vulnerabilidade – como forma de facilitar as ações planejadas pela oligarquia internacional contra nossa soberania e nossa integridade territorial, em especial contra a Amazônia;
  • Ações movidas na Justiça contra militares que, no cumprimento do dever, tinham por missão combater ações ilegais dos militantes de esquerda;
  • Há, em diversos segmentos políticos e sociais, o visível interesse, insuflado pela esquerda, em desmoralizar as Forças Armadas, através de ações hostis;
  • Militares são ameaçados de punição por terem, no cumprimento da sua função constitucional, feito oposição a medidas que comprometem a soberania e a integridade nacionais, como no caso da reserva Raposa Serra do Sol, em Roraima;
  • ONG’s estrangeiras, instaladas na Amazônia, promovem a biopirataria e influenciam as tribos indígenas, com a conivência da FUNAI e das “autoridades” brasileiras;
  • “Nosso governo planta, neste desvario político, a potencialidade de um probabilíssimo foco de ameaça à soberania brasileira.“ (Luiz Carlos da Cunha, Zero Hora, 26/04/2008);
  • Comunistas vencidos em 1964, hoje encastelados no poder, concedem indenizações milionárias aos parentes de “guerrilheiros” e assaltantes de bancos – atividades ilegais, tais como o tráfico de drogas e os seqüestros – mortos em confrontos com a repressão, mas não indenizam os parentes dos que foram assassinados pelos “guerrilheiros” e assaltantes;
  • Professores ligados às esquerdas, utilizando livros didáticos oficiais, ensinam o “socialismo” nas escolas públicas como o único regime capaz de promover a felicidade na Terra;
  • Greves que ameaçam a segurança dos cidadãos, como a da polícia civil em Alagoas, que durou 6 meses, não são raras;
  • Uma “organização” sem existência legal promove a guerrilha comunista em Roraima, sem que as “autoridades” adotem as devidas medidas repressivas;
  • Governos de orientação marxista, como os da Venezuela, Equador, Bolívia, Chile, Uruguai, e, por último, o do Paraguai, estão fechando o cerco ao Brasil, mas são tratados docilmente como “companheros”;
  • A Cônsul Geral da Venezuela, descaradamente, enviou manifesto ao Supremo Tribunal Federal – STF em favor da “manutenção das terras contínuas para os indígenas na reserva Raposa Serra do Sol”, o que constitui ingerência nos assuntos internos do Brasil;
  • Hugo Chávez, além de manter escritório na Avenida Paulista, para tratar da sua política bolivariana; de apoiar com recursos e palavras o MST do Stédile; de ter o domínio das FARC, da Bolívia de Evo Morales, do Equador de Corrêa, da Nicarágua de Ortega, de apoiar a eleição de Lugo no Paraguai, de financiar a eleição de Christina Kirchner na Argentina, agora também quer influenciar as decisões do Supremo Tribunal Federal do Brasil, tudo com o silêncio do “companhero” Lula, que deveria reprimi-lo;
  • A crescente influência de Hugo Chávez, alcançando o Equador, Nicarágua, Bolívia, Argentina, Chile, Uruguai e Paraguai, parece indicar o interesse na formação, sob sua liderança, de uma União das Repúblicas Socialistas da América, incluindo o Brasil;
  • Em todos os pontos nos quais basearmos nossa análise, veremos que está havendo uma entrega sistemática do Brasil aos interesses estrangeiros, agora com a participação da “esquerda escocesa”;
  • Há um agravante na declaração do Presidente Lula de que oito anos “é” pouco para um governante (divulgada pelo canal Band News, em 28/04/2008, às 22:50 h), demonstrando claramente que está almejando um terceiro mandato, e, talvez, um quarto, quinto, sexto, até se tornar perpétuo, como pretende seu “companhero” venezuelano;
  • Em última análise, são as próprias autoridades constituídas, oriundas das esquerdas, que promovem a baderna reinante e ameaçam nossa soberania, nossa integridade territorial, nossas instituições e a própria democracia.

Ao mesmo tempo em que analisamos esta lista de desmandos, devemos lembrar, mais uma vez, o que preconizava o Plano Cohen: violência, matança, agitação, liberdade de presos, perseguição ao clero, incêndios, saques, estupros, seqüestros e reféns. A desmoralização das autoridades, hoje, se caracteriza pela campanha contra as Forças Armadas. Houve época em que só tínhamos um partido de ideologia comunista: hoje são vários. Em todos, a orientação é a mesma: a luta de classes, a preparação para a luta, a deflagração do movimento, a tomada do poder, a implantação da ditadura do proletariado. Sempre diziam combater uma ditadura, mas querem implantar a do proletariado. Os meios para se chegar a esses resultados são aqueles do Plano Cohen. A grande diferença é que, desta vez, a esquerda já está no poder e o Plano não é mais uma abstração. O Plano Cohen foi uma farsa que depois teve e está tendo grande utilidade para os comunistas. Só falta oficializar o regime, com a destruição das instituições democráticas. Mais de 70 anos depois, o Plano Cohen ainda projeta sua sombra sobre a vida política brasileira, agora de forma bem mais real. Com ou sem o Plano Cohen, mais uma vez, há uma revolução em marcha. Essa revolução poderá eclodir sob duas hipóteses diferentes:

1. Poderá ser deflagrada e dirigida pela esquerda, nos moldes da intentona de 1935, com a participação da “infantaria” do MST, que será a tropa de choque. Nessa hipótese, o MST lançará mão das armas que, segundo notícias já muito divulgadas pela imprensa, estão armazenadas em diversos Estados. Nesse caso, talvez sigam ao pé da letra o que foi preconizado pelo Plano Cohen, dos quais os fatos apontados pela nossa atualidade política são um forte e irrefutável indicativo.

2. Supondo ser verdadeiro o desejo do Presidente Lula por um terceiro mandato, será bem provável a hipótese de tentar reeditar o Estado Novo, como o fez Getúlio Vargas, impondo-nos uma constituição autoritária e propícia à sua permanência no poder. Nesse caso, contará com o apoio das esquerdas e do MST, que talvez venha a fornecer os elementos para uma “guarda vermelha”. A hipótese não nos parece remota. Vejamos os exemplos históricos de como foi e as hipóteses de como poderá ser executada essa manobra.

Após a intentona comunista, Getúlio decretou e, depois, tentou prorrogar o estado de sítio, com o que talvez pretendesse uma forma de continuar no poder; o Presidente Lula tentará o terceiro mandato, e, depois, talvez o quarto, o quinto, o sexto e assim sucessivamente. Getúlio contou com o decisivo apoio de parcela significativa das Forças Armadas, além da sua flagrante popularidade; o Presidente Lula, muito provavelmente, buscará o apoio das massas populares, amparado principalmente pelos programas “sociais” e confiando também na sua popularidade. Getúlio Vargas encontrou o estímulo do Plano Cohen e apresentou a necessidade de por fim às agitações como motivo para decretar o Estado Novo; o Presidente Lula apresentará como motivo a necessidade de dispor de mais tempo e de amplos poderes para empreender as reformas políticas, econômicas e sociais que o País precisa.

Se esta hipótese se confirmar, algumas medidas poderão ser adotadas, como:

  • Tentar (ou até conseguir) adequar as constituições estaduais ao novo regime político;
  • Manter os governadores submissos aos desejos do Presidente, como condição para o apoio político e a liberação de verbas para os respectivos Estados;
  • Submissão ideológica das Forças Armadas aos seus caprichos, não permitindo nenhuma manifestação de desagrado e nenhum desvio de comportamento que não seja de lealdade ao regime, ou passarão um longo tempo a pão e água, como estão há muito tempo;
  • Censura aos meios de comunicação, como tem sido tentado (e até praticado) em diversas ocasiões, não estando de todo afastada a hipótese de uma polícia política, nos moldes do DIP de Getúlio;
  • Manter as polícias militares como uma força leal ao regime, aptas a defendê-lo na hipótese de alguma tentativa de rebelião por parte das Forças Armadas ou qualquer outra corrente, como ocorreu por ocasião da revolução constitucionalista de 1932;
  • Submissão do País à máquina político-partidária, que exercerá forte influência sobre a vida política, econômica e social do País;
  • Absorção dos sindicatos pelo Estado, como força de sustentação nos meios “proletários”;
  • Inclusão do Brasil no esquema de influência política capitaneado pela Venezuela e com a participação do Equador, Nicarágua, Bolívia, Chile, Uruguai e Paraguai, onde a esquerda foi vitoriosa;

O perigo está à nossa frente. Não vê quem não quer; e o pior cego é aquele que não quer ver!

Esta é a nossa denúncia, para o que elaboramos o presente documento.

Agora, o material, desde o seu início. Leiam:

Plano Cohen: uma revolução em marcha

(Denúncia aos Chefes Militares)

O presente documento foi elaborado após intensa pesquisa, considerando os precedentes da História e as indicações colhidas no momento presente. Pressentimos o perigo que ronda nosso País e isto nos deixa profundamente preocupados. Assim é que, imbuídos do propósito de servir ao Brasil, elaboramos este documento como um brado de alerta. Esperamos que as autoridades que o receberem possam refletir sobre os fatos denunciados e tenham a coragem necessária para uma tomada de posição, doa em quem doer.

Os primórdios

Para entender o ambiente dos fatos apontados, vamos recuar à primeira metade do Século XX. Finda a Primeira Guerra Mundial, que se prolongou de 1914 a 1918, o pensamento político na Europa teve tendências contrárias aos ideais burgueses do liberalismo e da democracia, se manifestando em duas correntes principais: o fascismo, de direita, e o marxismo, de esquerda. As correntes burguesas passaram a ser combatidas tanto pela direita como pela esquerda. A primeira ideologia tinha cunho não revolucionário: lutava pela conquista do poder para instaurar um regime ultranacionalista, oferecendo uma alternativa ao capitalismo selvagem. A segunda, puramente revolucionária, pretendia instaurar a luta de classes e o fim do capitalismo. Tinha como meio a extinção da propriedade privada dos meios de produção. Para isso planejavam a tomada do poder pelos soldados, operários e camponeses e uma transformação da sociedade mediante a “ditadura do proletariado”.

As duas correntes políticas se mantiveram em permanente antagonismo entre as duas guerras e projetaram sua influência aos demais países. No Brasil essa influência se exerceu com a fundação do Partido Comunista Brasileiro (o antigo PCB), na década de 20, e, depois, com a Ação Integralista Brasileira, de direita. Foram dois partidos inovadores, uma vez que apresentavam um programa político a ser executado, caso chegassem ao poder, bem diferentes dos partidos vazios de conteúdo até então e ainda hoje existentes. O Partido Comunista foi fundado sob influência do movimento revolucionário que, vitorioso, implantou o comunismo e congregou países como Rússia, Ucrânia, Geórgia, Cazaquistão, Uzbequistão e muitos outros, formando a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas. Sua ideologia está baseada no Manifesto do Partido Comunista, obedecendo cegamente e recebendo orientação direta do Partido Comunista da União Soviética.

A teoria da doutrina integralista foi delineada sob influência dos acontecimentos europeus que culminaram com a ascensão do fascismo italiano. Doutrinariamente, o integralismo pretendia implantar um governo ultranacionalista, conduzido por um único partido, que seria a Ação Integralista Brasileira, sob a liderança de um único chefe – na época o escritor, professor e filósofo Plínio Salgado. Seus fundamentos foram expostos no Manifesto à Nação Brasileira, de 1932, de autoria de Plínio Salgado, ex-integrante do PRP. Adotou como lema "Deus, Pátria e Família", procurando estabelecer as bases para uma defesa e salvação da "civilização cristã", em oposição ao ateísmo dos comunistas. O integralismo recebeu forte apoio da classe empresarial, de diversas organizações de trabalhadores, dos meios militares, de substancial parcela estudantil, de professores, do clero, e de muitos segmentos da Sociedade, ansiosa por imprimir um novo rumo à vida política da Nação. Nas suas pregações, o Integralismo ressaltava o irreconciliável antagonismo aos comunistas. A grave ameaça que eles representavam para o País estava em toda parte, e a consciência desse perigo mantinha os integralistas coesos, em constante vigilância, mantendo aceso o fervor partidário e patriótico.

O crescimento das esquerdas

Diante do crescimento dos partidos de direita, em diversos países, os comunistas adotaram a formação de frentes antifascistas, sob orientação (e controle) dos partidos comunistas nos países onde se decidiu por essa formação. Isso, aliás, seguiu a orientação da Terceira Internacional Comunista, conhecida por Komintern – que foi a união dos partidos comunistas em todo o mundo – a qual recomendou adotar essa tática na luta antifascista: reunir, em movimento único, todas as correntes de opinião e ação, aqueles que, por ideologia ou interesse próprio, se opunham ao fascismo. Como resultado, decidiu-se a formação de uma frente anti-integralista, surgindo, então, a Aliança Nacional Libertadora. O ex-capitão Luís Carlos Prestes foi eleito seu presidente de honra, chegando, paralelamente, à cúpula do PCB.

A ANL experimentou um rápido crescimento, o que gerou o receio dos dirigentes do País. Sob intervenção policial, o Presidente Getúlio Vargas, como reação, mandou invadir suas sedes e prender os seus líderes. Em vista desses fatos, a ANL ficou impedida de atuar na legalidade, passando para a clandestinidade. Também como conseqüência da repressão política, o PCB, sob influência da sua ala radical, decidiu que havia chegado a hora, e dessa decisão surgiu o movimento que ficou conhecido como intentona comunista.

A revolução vermelha foi deflagrada em 23 de novembro de 1935, em Natal, Rio Grande do Norte. Ali, o batalhão rebelado recebeu o apoio de simpatizantes, pessoas do povo, organizando o Comitê Popular Revolucionário. Vários estragos foram promovidos, inclusive no Banco do Brasil, de onde o cofre foi roubado com todo o numerário existente. Com atuação da Polícia Militar e de forças populares, em dois dias a “revolução” foi dominada. No dia 25 foi a vez do Recife e Olinda, onde guarnições militares, sob influência comunista, se levantaram em armas. No Rio de Janeiro, o levante ocorreu no dia 27 de novembro e foi igualmente sangrento. Vários militares foram assassinados nos próprios quartéis, enquanto dormiam ou pelas costas, pelos militares rebelados. No total, morreram 20 rebelados e 28 militares das tropas legais, inclusive o Coronel Misael Mendonça, comandante do 3º Regimento de Infantaria.

Como medida para fazer frente e combater os movimentos rebeldes comunistas, o Presidente Getúlio Vargas decretou o estado de sítio, ainda em novembro, o qual teve sua vigência até o ano seguinte. Diante da ameaça comunista, esperava poder prorrogar ainda mais o estado de sítio. Para atingir esse objetivo, dispunha do generoso apoio do General Góis Monteiro, Chefe do Estado-Maior do Exército, e do General Eurico Gaspar Dutra, Ministro da Guerra, além de substancial parcela das Forças Armadas. Mas o Congresso Nacional, percebendo que o Presidente estava engendrando manobras golpistas, impediu a prorrogação do estado de sítio.

Surge o Plano Cohen

Plínio Salgado, dirigente e líder da Ação Integralista Brasileira, solicitou ao Capitão Olímpio Mourão Filho, membro do serviço secreto integralista, que elaborasse um documento, para efeito de estudo, simulando uma possível revolução comunista e quais seriam seus desdobramentos. Mourão Filho, atendendo à solicitação, dedicou-se à tarefa e elaborou um documento final, que detalhava o tipo e a forma como as ações deveriam ser executadas. Na sua parte preparatória, o plano ficou assim estruturado:

Planificação da violência – Criar nos meios revolucionários os reflexos para a “violência útil e completa”. “A violência deve ser planificada, deixando de lado qualquer sentimentalismo não só favorável aparentemente ao ideal revolucionário, como também à piedade comum; isto significa que certos indivíduos, por exemplo, que devam ser eliminados, só pelo fato de serem contrários à nossa revolução, todavia nada favorecem de prático com o seu desaparecimento; outros na aparência não muito contrários, com a sua eliminação oferecem resultados práticos de longo alcance”.

Matança de chefes militares – Referem-se as instruções ao fato de não haver sido usada essa técnica no 3º R.I., do que resultou a demora que determinou a derrota dos amotinados. Passa em seguida ao que os revolucionários comunistas devem fazer nos quartéis e navios: “Especialmente no que se refere às Forças Armadas, é necessário, no plano de ação, descer ao detalhe mínimo; cada oficial suspeito à revolução deve ter um homem responsável pela sua eliminação, eliminação esta que será feita, sob pena de morte do encarregado, na hora aprazada. Quanto aos sargentos, todos aqueles, com prestígio na tropa quer pela sua inteligência e preparo, quer pela sua valentia e que sejam adversários devem ser incluídos no plano de eliminação”.

Agitação de operários e estudantes – Vem agora a parte referente à maneira de conduzir as campanhas subversivas nos meios proletários e estudantis sem que eles saibam que estão servindo aos membros do Partido Comunista. Nas campanhas proletárias e estudantis, é necessária uma grande cautela, muita discreção e habilidade para que as aparências sejam de simples reivindicações naturais e merecedoras de amparo até mesmo das autoridades; assim deve-se evitar que os elementos declaradamente comunistas tomem parte ativa nestes movimentos, quer liderando às claras os mesmos, quer fazendo discursos em praça pública ou mesmo comparecendo às reuniões. Esta missão deverá ser dada ou insuflada aos nossos simpatizantes não suspeitados e aos indivíduos fáceis de ser explorados pela sua ardência e pela sua ignorância”.

Liberdade de presos políticos – Quanto à liberdade dos presos políticos, parece-nos que a campanha dentro do Brasil deve ser mais discreta do que fora dele, porquanto manifestações de caráter popular como a que foi feita pró Pedro Ernesto têm um sentido muito suspeito para as autoridades, mesmo quando encabeçadas por elementos não suspeitos. O trabalho mais inteligente será a não personalização e conduzir a campanha em prol dos presos contra os quais não há aprovas incontestáveis de culpabilidade. Neste sentido evitar citação de nomes, infiltrar-se na imprensa e nos comícios, dando assim às mesmas um caráter de tal modo generalizado e pacífico que exclua qualquer suspeita em relação à nossa técnica”.

Confusão nas classes armadas – Refere-se à necessidade de uma campanha de intriga no Exército para o seu “desprestígio e confusão no seio das classes armadas”.

Perseguição à igreja – Vem depois o que concerne ao clero, “meio onde o integralismo vem fazendo um progresso formidável”. Aí “é necessário absolutamente, no atual momento político de plena campanha eleitoral, canalizar a sua parte ainda não contaminada, contra o referido movimento”.A técnica a ser utilizada é a de “identificar o movimento integralista com o nazismo, atualmente o maior perseguidor da igreja católica”.

A reivindicação do proletariado – Entram agora no campo do operariado. As reivindicações violentas, dizem eles, não dão resultado, porque a maioria dos operários é de gente pacífica, temerosa de conflitos e não adestrada na luta. Fala-se então em explorar a carestia de vida, e que essa circunstancia absolutamente incompreensível para as massas, nos fornece as principais armas de combate para a agitação proletária. Às nossas massas proletárias “incultas, sem nenhuma combatividade”, não devem ser aplicados os processos que têm sido aplicados às massas européias cultas e articuladas pela prática da sindicalização”. Acrescentam as instruções que é necessário educar os operários para que façam petições coletivas e por escrito de aumento de salários aos patrões, pedidos estes vasados numa linguagem do mais absoluto respeito aos patrões e às autoridades em geral, apelando para os sentimentos cristãos e a generosidade e patriotismo do governo e dos dirigentes das indústrias”. Não atendidas suas petições, que pedem quase sempre o inexeqüível, explorar a irritação da classe, e organizar as marchas coletivas, até que a classe, já irritada esteja em “condições melhores para ser lançada a uma greve violenta e tecnicamente preparada”.

Incêndios em casas de família – Cogitam os comunistas de um “Comitê dos Incêndios” para atacar simultaneamente casas de família, incendiando-as a fim de obrigar o Corpo de Bombeiros a agir em vários pontos tornando-se inútil como força militarizada para a defesa da ordem, “em cada rua principal do bairro deverá ser ateado fogo a um prédio, no mínimo”, concluem as instruções. Os incendiários, dois ou três no máximo, disfarçados em mata-mosquitos ou qualquer outro meio, entrarão na casa armados de material próprio, e de surpresa lançarão fogo à mesma.

Empastelamento de jornais, saques, violação de mulheres – A ação nas massas civis visa manifestações populares violentas, condução das massas para as redações de jornais antipáticos e conseqüente empastelamento. Nos bairros as “massas deverão ser conduzidas aos saques e às depredações, nada poupando para aumentar cada vez mais a sua excitação que deve ser mesmo conduzida a um sentido nitidamente sexual, a fim de atraí-las com facilidade; convencidos de que todo aquele luxo que os rodeia, - prédios elegantes, carros de luxo, mulheres, etc. constituem um insulto à sua sordidez e falta de conforto e que chegou a hora de tudo aquilo lhe pertencer sem que haja o fantasma do Estado para lhe tomar conta”.

Os reféns - No plano de violências deverão figurar, como já foi dito atrás, os homens a serem eliminados e o pessoal encarregado dessa missão. Todavia, tão importantes quanto estes serão os reféns, que, em caso de fracasso parcial, servirão para colocar em xeque as autoridades. Serão reféns: os Ministros de Estado, presidente do Supremo Tribunal, e os presidentes da Câmara e do Senado, bem como, nas demais cidades, duas ou três autoridades ou pessoas gradas. A técnica para a colheita de reféns será a seguinte: os raptos deverão ser executados em pleno dia, nas próprias residências, que serão invadidas por grupos de 3 a 5 homens dispostos e bem-armados e munidos de narcóticos violentos (clorofórmio, éter em pastas de algodão empapadas) e serão transportadas para pontos secretos e inatingíveis, com absoluta segurança. Em caso de fracasso, proceder ao fuzilamento dos reféns.

O documento foi entregue ao chefe integralista Plínio Salgado. Porém, oficiais do Estado-Maior do Exército conseguiram receber uma cópia. A informação foi a de que o plano fora apreendido na sede de uma organização comunista. O fato foi levado ao conhecimento do Presidente Vargas, com a mesma informação recebida pelo Estado-Maior. Assim, o documento foi considerado autêntico, tanto pelas Forças Armadas como pela Presidência da República.

O Estado Novo

Voltemos ao Congresso Nacional, que fervilhava com os conchavos e interesses políticos divergentes. A tentativa de prorrogar o estado de sítio havia sido barrada. O Plano Cohen, entretanto, surgiu como o fato novo que faltava e foi providencial. No dia 30 de setembro de 1937, o chefe do Estado-Maior do Exército, general Góes Monteiro, anunciou, no programa Hora do Brasil (posteriormente chamado A Voz do Brasil), a descoberta de um plano cujo objetivo era a derrubada do Presidente Getúlio Vargas e a tomada do poder pelos comunistas. A informação acrescentou, ainda, que o Plano Cohen havia sido elaborado em conjunto pelo Partido Comunista Brasileiro, com o apoio de organizações comunistas internacionais. Todos os detalhes do plano foram divulgados para a imprensa: violência, matança, agitação, liberdade de presos, perseguição ao clero, incêndios, saques, estupros, seqüestros e reféns, todo um plano macabro. Essa divulgação teve grande repercussão junto à população, que temia os horrores de uma nova e sangrenta intentona comunista, como a de 1935.

Tendo bem presente a ameaça vermelha, representada pelo Plano Cohen, e levando em conta a comoção popular, a instabilidade política deixada pela intentona e o receio de novas e sangrentas revoluções, o governo de Getúlio Vargas pediu ao Congresso Nacional que aprovasse o estado de guerra, e o Congresso concordou. Criaram-se, assim, as condições para a instauração do Estado Novo. No dia 10 de novembro de 1937, apresentando como justificativa a necessidade de se colocar um fim às agitações, o Presidente Vargas decretou o fechamento do Congresso e anunciou a nova Constituição. Em 2 de dezembro de 1937, os partidos políticos foram dissolvidos. Havia começado o Estado Novo, que iria vigorar até 1945.

A agitação de 1963/64

Em 1963 o Brasil era governado por João Belchior Goulart, também conhecido por Jango. Diziam as más línguas que era filho de Getúlio Vargas. Pelo menos foi seu herdeiro político. Jango sempre manteve uma relação muito próxima com os sindicatos. Havia um comprometimento implícito e explícito no seu comportamento, muitas vezes condescendente com situações insustentáveis. Não quis ouvir os conselhos dos seus assessores, inclusive militares, para que abandonasse aquela linha de conduta. E cada vez mais o quadro político-institucional se agravava:

  • Freqüentes greves nos portos de Santos e do Rio de Janeiro, com a completa paralisação das atividades;
  • Iguais greves na Central do Brasil, no Rio de Janeiro, muitas vezes com prejuízo para o patrimônio da empresa;
  • Greves e perturbações dos petroleiros (empregados da Petrobrás), com paralisação das refinarias de petróleo;
  • Greves nos navios da Fronape – Frota Nacional de Petroleiros (da Petrobrás);
  • Profunda articulação para promover movimentos grevistas nas ferrovias, com grande peso no Centro-Sul e no Nordeste, inclusive Jaboatão, que foi um grande foco de atividades comunistas;
  • Tentativas de ocupação de prédios públicos em diversas cidades;
  • Tentativas de desmoralização de autoridades;
  • Incentivo para rebeliões nas Forças Armadas (revolta dos marinheiros);
  • Perdão governamental para os revoltosos, como uma quebra da disciplina militar;
  • Excessiva liberalização das organizações sindicais, cuja articulação favorecia a proliferação de greves, piquetes e outras atividades prejudiciais à vida econômica do País;
  • Excessivo poder do CGT – Comando Geral dos Trabalhadores, de orientação comunista;
  • Atentados contra empresas e instituições públicas;
  • Hostilidade contra a igreja, ou contra as igrejas;
  • Eventos classificados como “concentrações populares”, em “defesa” da reforma agrária, do petróleo e diversas reivindicações;
  • Realização de manifestações gigantescas, hostis a diversos segmentos da Sociedade (comício da Candelária, por exemplo);

A prática da agitação, das greves, das perturbações, das tentativas de ocupação de prédios públicos, de desmoralização de autoridades, de intrigas nas Forças Armadas, de atentados, de paralisações do transporte ferroviário, e muitas outras demonstrações, hoje nos fazem lembrar o Plano Cohen. Violência, matança, agitação, liberdade de presos, perseguição ao clero, incêndios, saques, estupros, seqüestros e reféns, tudo parecia ser uma repetição. Para quem havia conhecido o Plano Cohen, havia visível coincidência entre a prática e o que o Plano preconizava. Quem só agora conheceu o Plano, poderá facilmente reconhecer que ocorreram muitas coincidências. Certamente não foram simples coincidências. Tanto os comunistas remanescentes de 1935/37, assim como os novos quadros, haviam assimilado as lições do Plano Cohen e o estavam colocando em prática. No comício da Candelária, em 13 de março de 1964, a agitação chegou ao ápice. Enquanto João Goulart anunciava a nacionalização de diversas empresas estrangeiras e outras medidas de impacto, muitas senhoras, na sacada dos edifícios, rezavam o terço implorando pela proteção divina. Por isso mesmo foram hostilizadas pelo próprio Presidente João Goulart.Tudo fazia parte da preparação para a ação. Não é que o Presidente Jango desejasse a revolução, mas estava profundamente comprometido com os comunistas. Havia uma revolução comunista sendo preparada e as Forças Armadas reconheceram o perigo. No dia 19 de março realizou-se o que ficou conhecido como “Marcha da Família, com Deus, pela Liberdade”. No dia 31 as tropas do General Olímpio Mourão Filho – o mesmo do Plano Cohen, e do General Guedes, começaram a se deslocar de Minas Gerais em direção ao Rio de Janeiro. Havia começado a revolução.

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