Dáuvanny Costa
http://meusdesassossegos.blogspot.com/
"O princípio fundamental do judaísmo se resume nestas palavras:
Amarás ajudando o necessitado.
Amarás protegendo o desamparado.
Amarás salvando vidas em perigo.
Amarás resgatando a dignidade humana.
Amarás absorvendo os teus irmãos em Israel.
Amarás hoje. Todos os dias. Sempre."
Não sou judia, mas não posso deixar de deitar meus olhos com honrosa admiração, seriamente meditar no princípio supra e a mim mesma dirigir a pergunta crucial: "de que forma estou amando?" Não amo incondicionalmente como Deus o faz, mas certamente amo como o ser humano que Ele me permite que eu seja. Esforço-me para fazer o que é possível a um humano.
E os humanistas? Cavam cisternas rotas para saciar a sede, investem na direção contrária, na parte errada; colocam o algoz na posição de vítima invertendo os papéis e distorcendo os valores. Os humanistas não trabalham com fatos, só aumentam sua voz e falam grosso para intimidar os que não pensam como eles e para humilhar aqueles que sofrem.
Eles são defensores do homem que nos pilha, do algoz que nos maltrata, do encarcerado que nos rouba. E há muitos modos de roubar uma vida.
Qualquer forma de mal é um mal. Estúpido. Banal. Cruel.
A humanidade foi criada em Adão, um único ser humano, para nos ensinar que todo aquele que destrói uma única vida, é considerado, aos olhos do Criador, como se destruísse o mundo inteiro.
Sou humana. Sinto repugnância pela crueldade, pelo ódio e pela violência. Os homens que se satisfazem no mal e depois desempenham, cínicos, o papel de vítimas enganando tolos crédulos, violentam minha concepção de moral.
Não aprendi a repugná-los tratando de suas vaidades. Aprendi a repugná-los tratando das feridas e das cicatrizes de suas vítimas. Não aprendi a repugná-los por mera especulação, mas por ter vivido, ou melhor, morrido do lado de cá, lado em que os humanistas não ousam colocar seus pés.
Não empunho uma arma para pilhar, estuprar ou matar, como fazem os criminosos defendidos pelos humanistas; contudo, como humana, faço de meu discurso uma arma e que ela abra feridas, rompa zonas de conforto, revele a covardia daqueles que se ocultam quando encontram alguém que não tolera sua pseudo e fantasiosa benevolência.
Os humanistas, com seus paradoxais discursos, me fazem agradecer a Deus por ter me dado o dom inefável da humanidade, por abrir meus olhos para a compaixão, e por ainda chorar por quem realmente merece minhas lágrimas.
Não posso crer que em lugar algum de suas consciências não haja um grito lancinante a despertá-los e a adverti-los de que estão na direção inversa e de que, parafraseando Bachelard, toda pequena dor é a representação da dor do mundo.
Urge, portanto, que seja abolida a injustificável defesa de indivíduos bestiais.
Não posso me calar, não o devo. Um zelo santo me exalta. Uma paixão me consome. Uma esperança me inebria. Sou fiel à minha consciência e não me oculto atrás de assessorias e chusma de títulos, não uso advogados como escudos porque possuo um Advogado Maior. Os meus anos em Faculdades de Direito me ensinaram muito mais que o Direito; ensinaram-me o Reto, o Certo, o Justo. Ensinaram-me que um título não nos torna melhores se nossas almas assim não forem. Ensinaram-me a não confiar em meu braço, mas no caráter daquele que me criou e admoestou, dentre mais nove deveres: "Não matarás".
Os meus anos em Faculdades de Direito talvez me tivessem ensinado a ser humanista, contudo, os meus anos na cruel escola da vida ensinaram-me a ser humana.
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