sexta-feira, agosto 29, 2008

Ayres Brito, o Joaquim Nabuco do Século XXI

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J. R. Rodrigues

Jornalista

jotar@technet.com.br

29-Ago-2008

Se Joaquim Nabuco foi o vendilhão, o traidor da pátria e responsável pela perda de quase 2 milhões de hectares do Brasil para a Inglaterra, na emblemática questão do Pirara, em Roraima, o Ministro do STF, Carlos Ayres Brito, é o nosso Joaquim Nabuco do século 21 e através de seu melancólico voto na questão Raposa Serra do Sol, abriu a porteira para que daqui a 10, 20 anos ou menos o Brasil tenha que aceitar a soberania de extensos territórios indígenas e a criação de nações independentes em solo brasileiro.


Esperar que o voto de Ayres Brito fosse diferente era desejar que tivéssemos surgido como nação de um modo diferente, sem a maldita colonização, que nos tornou seres menores, com complexos de nacionalidade, nos julgando menores, incompetentes e além de tudo debochados com nossas próprias desgraças e fraquezas.


Por enquanto só Ayres Brito não se deu conta da importância do cargo que ocupa e do tribunal que compõe, mas tudo leva a crer que seus companheiros também embarcarão em tua viagem teórico-filosófica.


Exatamente como são os laudos antropológicos que sustentaram a criação da RSS do Sol no molde contínuo, uma colcha de retalhos formada por artigos e experimentos teóricos e antropológicos, o voto de Ayres Brito é um mosaico de jargões e frases de efeitos produzidas por padres, ambientalistas e gente de todas as espécies que almejam a perda da soberania sobre a Amazônia.


Impreciso, mentiroso, injusto e cruel, essas palavras talvez sirvam para explicar melhor o relatório apresentado como voto por Ayres Brito no primeiro dia de julgamento da Ação Popular que tentava transformar o Brasil numa nação única.


Tudo leva a crer que Ayres Brito mudou de idéia nos últimos dias, ou então como explicar toda a pirotecnia feita pelo STF, para no final concordar em gênero número e grau como o Governo Federal, Igrejas, ONG’s e grandes potências mundiais? Por que mandaram suspender a Operação Upatakon 3, se no final Ayres Brito diria que os arrozeiros e as cerca de 400 famílias que residem na área Raposa Serra do Sol, não possuem nenhum direito e que serão enxotados para um lugar distante sem nenhuma indenização? Por que tanta firula, se eles, de antemão, sequer leriam os fartos argumentos apresentados por diversas fontes nas mais de 30 Ações que questionam as irregularidades cometidas pela União, através de alguns de seus órgãos?


Seria esperar muito de um STF político, nomeado em sua maioria por um presidente entreguista, que não se incomoda com os sentimentos nacionais, optando por fazer o que ditam os organismos internacionais. Culturalmente somos submissos, nascemos de uma colônia e o sentimento de inferioridade falou mais alto no texto lúdico do ministro Ayres Brito.


Nem mesmo as irregularidades técnicas e materiais existentes no processo foram conhecidas. Ayres Brito até ironizou a troca de má fé de técnicos agrícolas por motoristas. “Nas páginas seguintes eles já informaram que eles eram realmente motoristas”, disse Ayres Brito, mas ocorre que a lei pede técnicos agrícolas e não motoristas.


O texto de Ayres Brito se assemelhou a um artigo de aluno de primeiro semestre de antropologia ou de um militante dirigente de ONG e além de tudo contém mentiras, como a afirmação de que os garimpos existentes na RSS do Sol surgiram com o fechamento dos garimpos na área Ianomâmi. Quem terá sido o gênio a repassar essa informação para o ministro.


Hilária a colocação de que os índios são guardiões da fronteira, esquecendo-se o ministro de ler alguma coisa sobre a questão do Pirara, onde os índios brasileiros formaram as buchas utilizadas pela Inglaterra para tirar do Brasil uma extensa e rica faixa de terra.


O voto de Ayres Brito, que pode resultar na decisão em torno da RSS do Sol, não levou em conta o esforço dos paraibanos, cearenses, etc. que ocuparam e povoaram aquela região, garantindo a soberania e a posse daqueles terras pelo Brasil, por que se dependesse dos organismos internacionais e dos próprios índios pertenceriam a Venezuela, Guiana ou formariam outras nações.


Confundir alguns índios de hoje que servem ao Exército, com aqueles que no passado não tinham noção de brasilidade e que aprenderam isso com os não índios que vieram de várias partes do Brasil é deprimente.


Talvez pressionado pela imprensa nacional e internacional que cobria a sessão e pelos olhares das “autoridades indígenas” presente na sessão, Ayres Brito perdeu a oportunidade de construir uma nova página na história do Brasil, de peitar os organismos internacionais e antes de tudo de fazer justiça. O seu voto apaixonado agrada aos organismos externos, mas não resolve a situação de centenas de famílias que estão sendo expulsas sem o pagamento das justas indenizações.


Reconhecer o direitos dos povos indígenas, não implica em desconhecer os direitos dos outros brasileiros. O voto de Ayres Brito é acima de tudo muito cruel com todos aqueles que sonham um dia viver num país decente, não submisso e dono de seu próprio destino, com respeito aos indígenas, ao meio ambiente, etc.


O voto de Ayres Brito é um manifesto apaixonado de declarações de amor por uma justa causa e ao mesmo tempo a repugnância pelos direitos de outros brasileiros. A maioria das pessoas jamais esperavam que houvesse um retrocesso na questão RSS do Sol, mas jamais poderíamos imagina que a suprema corte da justiça brasileira fosse irônica e debochada com brasileiros que tal qual os índios também são vítimas do próprio Estado brasileiro que vêem os seus direitos negados, pisoteados e assim continuarão, já que agora o STF deu uma autorização para o Governo Federal tratar os rizicultores e moradores não índios da região como perigosos bandidos, desrespeitando e desconhecendo direitos e preparando-se para a realização do grande sonho das grandes potências mundiais, a transformação dos grandes territórios indígenas em nações independentes. Ayres Brito será o presidente de honra de algumas delas.


Ayres Brito, agiu - antes de tudo – em descompasso com a dominante corrente formada pelos críticos das atitudes do Governo Federal, quanto ao pacto federativo, talvez por que para Ayres Brito o Brasil não seja uma federação e sim uma republiqueta de bananas.


A parábola que Ayres Brito usou para ilustrar o fato de que o Brasil é ausente da Amazônia e não cuida direito das suas fronteiras, bem poderia ter sido entendida pelo próprio STF. Houve a oportunidade de se portar como uma autêntica corte, mas o STF preferiu agir como um escritório de alguma ONG ou – no máximo – a embaixada de uma das nações ricas que ditam aquilo que o Brasil deve fazer. A propósito, quem impediu o STF de tomar uma decisão justa e coerente, senhor ministro Ayres Brito?

Um comentário:

Maria José Speglich disse...

Esses tucanos são assim mesmo.