sexta-feira, agosto 15, 2008

APODRECEU, MAS NÃO VAI CAIR DE PODRE!

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Augusto de Franco

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É evidente, para qualquer pessoa informada e honesta, que o governo apodreceu. Ou melhor, o esquema todo apodreceu. Não pela corrupção endêmica que infecta - há mais de dois séculos - a política nacional. Não. Apodreceu porque um grupo privado, tendo à frente um líder de massas com alta popularidade, resolveu usar a velha corrupção como meio de conquista de hegemonia.

O PT não é, particularmente, um partido mais corrupto do que qualquer outra gangue política que pontifica na nossa partidocracia. O problema com o PT não é a corrupção individual, egoística, praticada por alguns de seus membros. Isso, como se diz, sai na urina, sem causar maiores comoções no nosso carcomido, porém resiliente, corpo político. O problema é que - com objetivos estritamente políticos, não apenas nem principalmente pessoais (como a vontade de enriquecer, de se dar bem, de permanecer em evidência na cena pública - motivos recorrentes do político corrupto tradicional) - o PT no governo resolveu estabelecer uma certa coordenação das operações de guerra (sim, a conquista de hegemonia é uma guerra, em geral uma guerra de posição, travada em trincheiras) no coração da presidência, no Palácio do Planalto.

Confiram. Mais de 80% dos escândalos dos últimos quatro anos tiveram sua origem no Palácio do Planalto, sob as barbas de um presidente que, escudado em altos índices de popularidade, pode ter o desplante de repetir ad nausean que nunca viu nada, nunca soube de nada.

No Palácio, o centro infeccioso da corrupção sistêmica, da corrupção instrumentalizada para servir a um propósito político coletivo, é a Casa Civil. Não é por acaso que Dirceu a partir de certo momento e, agora, Dilma, não conseguem mais fazer nada a não ser negar as denúncias que chegam em avalanche. Querem nos tapiar dizendo que as oposições estão por trás dessas armações com objetivos eleitorais. A tese é risível. Coitadas das oposições. São grupos desfibrados, compostos - em sua ampla maioria - por carreiristas apequenados pelas suas ambições mesquinhas. Se pudessem, adeririam ao governo de cabeça baixa, de joelhos, de quatro até. Só não fazem isso porque sabem que não serão aceitos ou, se forem, serão alocados na periferia das decisões. Os mais sérios - porque os há - refugiam-se da política em administrações locais ou estaduais, tentando realizar maravilhas para mostrar nos programas eleitorais na TV. Aí começa e aí acaba o seu papel de agentes políticos.

O período que vivemos é tenebroso para a democracia e para o desenvolvimento humano e social sustentável do país. Mas será - antevejo com tristeza - um período de longa duração. Em parte pela falta de alternativas políticas. O PSDB bombardeou sistematicamente nossas rotas de fuga dessa situação (basta ver o papel cumprido por Alckmin na última campanha presidencial) e agora, apesar de tudo o que aconteceu, continua prestando serviços ao poder corrupto, continua fazendo acordos vergonhosos nas CPIs, continua fazendo de conta que está tudo bem, que a política é assim mesmo, esperando as próximas eleições para tentar conquistar um boquinha no Estado.

O governo apodreceu, sim, mas não esperem que ele cairá de podre. Governos não caem assim, sem uma força que os demova. Essa força não sairá, já vimos, do sistema de partidos. Teria que vir da sociedade. Mas qualquer iniciativa ético-democrática da sociedade será desarmada prontamente… pelo governo? Não, por incrível que pareça, pelas oposições! Foram elas que inviabilizaram um processo de impeachment contra Lula que reunia 100 (cem) - repito: 100 - vezes mais evidências justificatórias do que o processo de Collor de Mello.

Agora é tarde. É preciso esperar que um novo período se abra em virtude de fatores imponderáveis, de um fato extraordinário sobre o qual as oposições partidárias não tenham qualquer influência. Aliás, todos sabem que os problemas enfrentados por Lula não tiveram, em 99% dos casos, um dedo da oposição. Foram os próprios petistas e sua base de apoio os responsáveis pelo surgimento dos escândalos. E não há qualquer razão para esperar que as coisas sejam diferentes daqui para frente.

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