sexta-feira, agosto 15, 2008

IDENTIFICADO O TERCEIRO ASSASSINO DO MAJOR ALEMÃO

VISITE O SITE IMORTAIS GUERREIROS

AS FACES DO TERRORISMO

General Raymundo Negrão Torres

http://www.averdadesufocada.com/



O terrorismo tem muitas faces, mas é essencialmente um ato de guerra; de uma guerra irregular, não declarada e não convencional. Suas regras são estabelecidas pelo agressor que escolhe o modo e o momento do ataque. Visa causar pânico e tornar inseguro o adversário, além de convencer a população da incapacidade do governo de controlá-lo e combatê-lo, levando sua repressão a tornar-se impopular pelas restrições que as medidas retaliatórias exigem. No terrorismo, o dano real obtido é muitas vezes secundário, em comparação com os efeitos psicológicos da intimidação, do medo e da propaganda. O terrorismo pode ser indiscriminado ou seletivo; sua arma principal é a bomba, mas pode usar o seqüestro, o assassinato, as ameaças, o justiçamento e a vingança. Para obtenção de recursos utiliza o assalto a bancos que denomina de "expropriação". Age nas sombras da clandestinidade e explora as franquias do sistema democrático.


O terrorismo no Brasil, nos chamados "anos de chumbo", apresentou todas essas faces, pois o seu grande inspirador e ideólogo, Carlos Marighella, com seu "Mini-manual do Guerrilheiro Urbano", constituiu-se em fonte de ensinamento e de referência mundial, tanto para outros grupos terroristas - como o alemão Baader-Meinhoff e as Brigadas Vermelhas italianas, entre outros -, como para estudiosos do terror, como a jornalista americana Claire Sterling, em seu livro "A Rede do Terror" (Editorial Nórdica- Rio de Janeiro-1981), ou o general inglês reformado Richard Clutterbuck, em seu ensaio sobre o terror irlandês, "Guerrilheiros e Terroristas" (Biblioteca do Exército Editora -1980) ou o professor alemão Friedrich Von Der Heydte, em seu livro "A Guerra Irregular Moderna" (Biblioteca do Exército Editora - 1990). Embora de curta existência, graças à eficácia enérgica da reação, o terrorismo no Brasil deixou exemplos emblemáticos da aplicação dos ensinamentos de Carlos Marighella como veremos nos casos históricos, a seguir relatados e que convém relembrar.


MORTE POR ENGANO


Nos porões da ditadura

general Raymundo Negrão Torres


Major do exército alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernhagen - 01/07/1968


"A Verdade Sufocada - A história que a esquerda não quer que o Brasil conheça" - Carlos Alberto Brilhante Ustra


Em 1968, o capitão do exército boliviano Gary Prado fazia o Curso de Estado-Maior, na Praia Vermelha, Rio de Janeiro. Ele ficara conhecido internacionalmente como o oficial que teria participado da perseguição e morte, nas matas da Bolívia, do guerrilheiro Che Guevara.


Sabedoras de sua presença no Rio de Janeiro, organizações terroristas se inquietaram. O “Tribunal Revolucionário” foi convocado e o oficial boliviano condenado à morte.


Para a ação ter êxito, o levantamento começou nas saídas da Escola de Estado-maior (ECEME), seguindo o oficial até a sua residência, na Gávea, bairro pacato do Rio de Janeiro. Conhecido o trajeto e escolhido o melhor local para o assassinato, partiram os carrascos para executar a sentença.


No dia 1º de julho de 1968, João Lucas Alves, Severino Viana Collon e mais um terceiro militante, todos do Comando de Libertação Nacional (COLINA), em um Fusca, ficaram à espreita na Rua Engenheiro Duarte, na Gávea. Ali, naquela rua tranqüila, ao avistarem o oficial executaram-no, fria e covardemente, com dez tiros. Depois de verificarem que o militar estava morto, levaram sua pasta para simular um assalto.


Mais tarde, ao abrirem a pasta, verificando os documentos do “justiçado”, constataram o terrível engano. Gary Prado fora salvo por um levantamento malfeito. Desconheciam os uniformes. Em seu lugar, haviam assassinado o major alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernahagen, colega de Gary Prado que também . fazia o Curso de Estado-Maior.


Para as autoridades policiais da época o crime teria sido cometido por assaltantes.


O TERCEIRO MILITANTE


Terça-feira, 9 de outubro de 2007,


Componentes.montarRanking(editoria, subeditoria, idPagina, GUIDPagina, "votacao")


Brasileiro lamenta não ter sido o 'vingador de Che'


Lucas Pretti

estadao.com.br


Amílcar Baiardi conta como foi errar o tiro contra o assassino do revolucionário 40 anos após a sua morte


Baiardi e os companheiros mataram um militar alemão no lugar de Gary Prado


SALVADOR - O sonho desse intelectual baiano de 66 anos era ter escrito a carta até o fim: "Um ano e pouco depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Em 1968, o jovem Amílcar Baiardi fez parte do grupo de brasileiros que tentou matar Gary Prado, o militar boliviano que capturara Ernesto Guevara de la Serna um ano antes, em 8 de outubro de 1967, 40 anos atrás. Mas o tiro atingiu o peito errado - e Baiardi participou de um dos principais erros históricos da esquerda brasileira. A frustração o persegue quatro décadas depois. "Seria muito reconfortante ter matado Gary", diz em entrevista exclusiva ao estadao.com.br.


Intelectual e profundo conhecedor das táticas de guerrilha rural, Baiardi foi o responsável por redigir o comunicado oficial do Comando de Libertação Nacional (Colina) sobre a morte de Gary Prado à imprensa. Esperou pelos três "companheiros" quase uma hora num "aparelho" clandestino no bairro do Botafogo, no Rio de Janeiro. Quando chegaram, com a missão cumprida e uma pasta supostamente do militar boliviano, perceberam que algo estava errado. Documentos em alemão. Haviam matado Edward Ernest Tito Otto Maximilian Von Westernhagen, major do Exército alemão.


Baiardi amassou e destruiu imediatamente o rascunho da carta. Firmou com João Lucas Alves, Severino Viana e José Roberto Monteiro (os três companheiros) um pacto de silêncio que durou até 1988. Apenas ele sobreviveu à ditadura.


O hoje professor da Universidade Federal do Recôncavo da Bahia (UFRB), vencedor do Prêmio Jabuti de Literatura em 1997 e ex-guerrilheiro recebeu o estadao.com.br em seu apartamento, em Salvador, para contar a história. E falar de Che, o "visionário romântico".


Você tem formação em guerrilha rural, chegou a organizar o primeiro exército de guerrilheiros rurais no Maranhão. Como foi parar em uma ação urbana no meio do Rio de Janeiro?


Eu não estava no grupo tático do Colina que organizou o atentado a Gary Prado. Mas como sabiam que eu tinha experiência e uma cultura mais geral do que era o movimento de libertação na América Latina, me pediram para redigir a mensagem ao povo brasileiro comunicando a vingança de Che Guevara. Tanto que no aparelho tinha uma máquina de escrever e eu já estava preparando o que seria a mensagem.


Esse papel ainda existe?


Não, não... Fiz um manuscrito que depois embolei e destruí lá mesmo. A mensagem seria assim: "Um ano e pouco depois, o Comando de Libertação Nacional, em nome dos oprimidos de todo o mundo, vinga o assassinato de Che Guevara". Imaginava que teria uns quatro a cinco parágrafos. Terminaríamos com a exortação dos revolucionários no Brasil para a construção de uma frente guerrilheira única. Era um discurso nessa direção. Deixaríamos a mensagem numa caixa de correio e avisaríamos os jornais. Seria uma bomba jornalística, era a idéia.


Você foi o mentor do atentado?


Não, fui convocado pelo Colina. Tinha uma relação muito próxima com dois dos companheiros. Um paulista agrônomo, José Roberto Monteiro, que trabalhou comigo no Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra). O outro era João Lucas Alves. Ficamos muito ligados em decorrência do material sobre guerrilha que eu havia trazido da Colômbia. Ele que me ligou e disse: "Venha para o Rio de Janeiro que temos uma ação para você, uma ação de impacto que vai projetar nossa organização".


As táticas usadas pelo Colina eram as mesmas de organizações mais reconhecidas na época como a Ação Libertadora Nacional (ALN), de Carlos Marighella, e a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), de Carlos Lamarca?


Sim. Tínhamos uma infinidade de medidas de segurança. Tanto que cheguei vendado ao que se chamava de aparelho, creio que em Botafogo, não sei direito até hoje. Como combinado, num determinado local, num certo dia, o João Lucas me pegou, me deu a venda e eu entrei num apartamento. Foi aí que soube: "Nós vamos vingar o Che". Foi feito o levantamento do Gary Prado, a imprensa tinha noticiado que ele tinha ido ao Rio para cursar a Escola Superior do Estado-Maior, na Praia Vermelha. Cheguei, tinha lá um sanduíche, uma máquina de escrever. Era um aparelho típico. Pouca mobília, algumas armas, e ele me disse que chegaria, dentro de 40 minutos, com esta notícia: a comprovação de que o Gary Prado tinha sido executado.


Como descobriram o engano?


Eles voltaram com uma pasta. Quando abrimos, só tinha documentos em alemão, um passaporte em alemão. Aí não se teve mais dúvida de que se tinha cometido um erro histórico. Nossa fonte de informação era um soldado infiltrado no Exército e havia uma coincidência enorme. Fisicamente, Gary e o alemão eram parecidos, magros, altos, mesma cor de pele, não usavam óculos. Então fizemos um pacto: "Nunca ninguém vai saber disso, nem mesmo nossos companheiros da organização". Não abrimos em hipótese alguma, mesmo presos e sob tortura, porque isso comprometeria a organização. Mas aconteceu um fato curioso. O Gary Prado entendeu a mensagem. Uma semana depois ele desapareceu do Rio, suspeitando que seria o alvo.( ...)


Para finalizar. Você gostaria de ter matado Gary Prado? Queria ter dormido com essa?


Queria. Claro. Seria muito reconfortante. Mas hoje, fazendo a análise contra-factual, é curioso ver que Gary Prado joga a favor da redemocratização da Bolívia, um papel positivo na História. Isso só mostra que não devemos ser maniqueístas, dizer que todos que estão de um lado são ruins ou bons. Mostra que as pessoas podem mudar. People change.



NOTA DO SITE www.averdadesufocada.com


Estão, portanto, identificados todos os três militantes do Comando de Libertação Nacional (COLINA ), autores do assassinato do major do exército alemão Edward Ernest Tito Otto Maximilian von Westernhagen - em 01/07/1968. São eles: João Lucas Alves, Severino Viana Collon e o agrônomo José Roberto Monteiro (este, o militante que nunca havia sido identificado).

Nenhum comentário: