sexta-feira, agosto 15, 2008

De volta aos EUA, ex-reféns dizem que jovens das Farc sofreram "lavagem cerebral"

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Adam B. Ellick

Em San Antonio

08/07/2008

Tradução: George El Khouri Andolfato

Aparentando saúde, mas com os rostos magros, os três americanos que foram mantidos como prisioneiros na floresta colombiana por mais de cinco anos fizeram sua primeira aparição pública na segunda-feira, acenando uma bandeira americana e abraçando parentes chorosos em um hospital militar.

Um dos ex-prisioneiros, Keith Stansell, pegou seus filhos gêmeos de 5 anos, que nasceram após ele ser seqüestrado, e sorriu. "Isto não é maravilhoso", disse Stansell.

Os outros dois homens, Thomas Howes e Marc Gonsalves, chamaram as autoridades do governo colombiano de seus "heróis" por organizarem o que Gonsalves chamou de "o resgate mais perfeito na história do mundo".

"Houve um tempo em que quando dormia, eu sonhava que estava livre", ele disse. "Este momento ocorreu há apenas poucos dias, e a sensação de estar livre aqui, agora, é muito boa. Vocês me devolveram a minha vida."

Na quarta-feira, em uma ousada operação secreta, as forças armadas colombianas resgataram os três homens e 12 prisioneiros colombianos do grupo rebelde mais temido da América Latina, as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ou Farc.

Em 2003, os guerrilheiros capturaram os americanos, todos prestadores de serviço para as forças armadas, após a queda do pequeno Cessna deles na selva.

O coronel Jackie Hayes, um médico do Centro Médico Brooke do Exército, onde os homens foram submetidos a exames médicos e um processo de reintegração altamente blindado desde que pousaram aqui na semana passada, disse que eles não exibem nenhum problema médico significativo, e os chamou de "muito fortes e muito adaptativos". Hayes disse que os resultados de outros exames médicos ainda não estão prontos.

Os homens, que ainda estão sendo tratados, perderam mais de 13 quilos em cativeiro. Não se sabe quando retornarão aos seus lares.

Eles falaram em inglês e espanhol na segunda-feira. Stansell brincou: "Eu não tenho uma carteira de motorista. Como vou chegar em casa?"

A mãe de Gonsalves, Jo Rosano, que por anos fez campanha pela libertação dele, não conseguia conter as lágrimas.

"Eu estou me esforçando muito para não chorar", disse Rosano. "Eu estou chorando por cinco anos e ainda estou chorando, mas lágrimas de alegria. Eu agora me aposento. Eles estão em casa."

Apesar da euforia, os homens expressaram preocupação em relação àqueles que permanecem nas mãos das Farc. Cerca de 700 a 2 mil reféns podem ainda estar detidos por aquele grupo e outros, segundo a embaixada americana em Bogotá, a capital colombiana.

"Há pessoas neste exato momento que estão sendo punidas por termos sido resgatados com sucesso", disse Gonsalves.

Ele disse que guerrilheiros armados estavam forçando os prisioneiros a marcharem pela selva acorrentados pelo pescoço e carregando mochilas pesadas nas costas. Ele chamou as Farc de "um grupo terrorista com T maiúsculo" e disse que a maioria dos rebeldes é composta de jovens pobres e sem instrução, que foram incapazes de escapar da organização.

"Eles sofreram uma lavagem cerebral para acreditarem que sua causa é justa, mas assim que ingressam no grupo nunca mais podem deixá-lo", disse Gonsalves. "Se tentarem, serão mortos."

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