sexta-feira, agosto 15, 2008

A mão que afaga é a mesma que apedreja

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por Graça Salgueiro em 14 de junho de 2007

Resumo: As operações espetaculares movidas pelo governo que atingem empresários e políticos não se repetem quando se trata de combater a presença e atuação de organizações criminosas internacionais no Brasil, como as FARC.
© 2007 MidiaSemMascara.org

O Departamento de Polícia Federal vem realizando um trabalho extraordinário de desbaratar quadrilhas, sonegadores de impostos, contrabandistas e mafiosos de todos os tipos. Segundo o site oficial do PT, em matéria veiculada em 25 de maio p.p., a PF prendeu 5 mil pessoas desde 2003, sendo mil funcionários públicos.

De fato, temos visto as espetaculosas batidas e apreensões do respeitado órgão, sobretudo a realizada na elegante loja Daslu, com direito a helicópteros, holofotes, ação e uma muito ciosa de seu dever de informar, Rede Globo de Televisão, dando ampla cobertura ao evento. Vimos também as operações Navalha, Furacão, Vampiro, Anaconda, Sanguessuga, Themis e finalmente a Xeque-Mate que envolve até o irmão do presidente Lula, o Vavá. Todas muito bem realizadas e edificantes para o país, afinal, lugar de bandido é na cadeia.

Segundo esta mesma matéria do site do PT, “Desde 2003, a PF prendeu cerca de mil servidores e ex-servidores públicos suspeitos de corrupção: parlamentares, magistrados, procuradores e funcionários do Executivo federal, estadual e municipal, incluindo prefeitos e governadores, entre outros. Ao todo, 350 operações resultaram na prisão de mais de 5 mil pessoas, segundo dados da PF”.

“No período em questão, 2006 foi o ano com o maior número de operações: 167, que levaram cerca de 2,5 mil pessoas para a cadeia – mais de dez vezes mais que em 2003, quando 223 suspeitos foram detidos em 16 ações. Nos quase cinco meses de 2007, já houve 61 operações e cerca de 880 prisões (incluindo a Navalha)”. Fantástico! Entretanto, o site não informa que os “presos” em tantas operações esquentam os bancos das delegacias e penitenciárias por não mais que 72 horas, sobretudo os parlamentares, que continuam exibindo-se lépidos e fagueiros, rindo da cara do povo, conforme todo o país presencia através dos noticiários de televisão. A Polícia prende e a Justiça solta.

No dia 28 de maio, com informações da Agência Brasil, leio que a PF inicia uma nova operação denominada “Operação Ouro Negro” (que apesar do nome não tem nada a ver com o petróleo) cujas investigações começaram em outubro de 2005, tendo como alvo uma quadrilha de contrabandistas que atuava na fronteira com o Paraguai. Na operação foram apreendidos R$ 2,3 milhões em mercadorias que eram escondidas em fundos falsos de bolsas e transportadas através de barcos e balsas até o porto brasileiro. A nota não diz que tipo de mercadoria foi apreendida mas presumo que não foram armas, senão teriam citado textualmente. Nesta operação já foram presas 22 pessoas, segundo informa a PF.

É necessário que a sociedade veja que este governo trabalha em prol da ética, da moralidade e do combate à sonegação e à corrupção desenfreada que assolam o país, e a PF tem contribuído de forma nunca dantes vista ou imaginada pelo cidadão brasileiro. Mas eu não quero me ater a essas conhecidas operações porque toda a mídia nacional e internacional está dando ampla cobertura e seria repetitivo reportar-me a elas também.

Quero falar de “outras” operações que são interrompidas e graciosamente silenciadas porque, enquanto o povão se entretém (há quem se divirta esperando a próxima fofoca ou golpe) com a podridão diária despejada nas telas da tv, criminosos terroristas das FARC passeiam livres em nosso solo pátrio com o conhecimento desta mesma PF, dos órgãos de Inteligência e do Governo Federal que apedrejam sonegadores, estelionatários, bicheiros, bingueiros etc., enquanto afagam e dão asilo político a criminosos de alta periculosidade como são os integrantes das FARC.

As histórias são antigas. No dia 30 de outubro de 2005, o jornal Correio Braziliense publicou uma longa matéria sobre a atuação das FARC em território brasileiro que foi posteriormente divulgada no site do Ministério das Relações Exteriores[¹]. A matéria dá conta de que este bando narco-terrorista dá cursos de treinamento de guerrilha urbana e rural a elementos do MST e que “Relatórios sigilosos em poder de autoridades brasileiras e paraguaias registram a ocorrência de pelo menos três cursos sobre técnicas de guerrilhas destinados a brasileiros, realizados este ano – em maio, julho e agosto – na região de Pindoty Porã, departamento de Canindeyú, no Paraguai, cidade fronteira com o Mato Grosso do Sul e o Paraná”. Mais adiante diz a matéria: “Os relatórios trocados entre Brasil e Paraguai garantem existir grande interesse das FARC em brasileiros, que nos últimos anos têm sido parceiros da guerrilha em atividades ilícitas como o tráfico de drogas e de armas. Eles confirmam também que os cursos ministrados pelas FARC são destinados a entidades civis organizadas e citam nominalmente o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST). Nos documentos existem fartas informações sobre os instrutores dos treinamentos , que se escondem sob o manto de codinomes” (Grifos meus). Entretanto, o Governo do Sr. Lula confraterniza, recebe em Palácio, inclusive usando o boné, continua passando a mão pela cabeça e oferecendo quantias milionárias a uma entidade que, por esperteza ou má fé calculada, não existe juridicamente e por isso não é punida por seus incontáveis crimes, inclusive de morte.

No dia 25 de julho de 2006, novamente o Correio Braziliense[²] publica uma matéria sobre as FARC e suas atividades ilícitas no Brasil, inclusive com provas documentais da presença do “novo” chanceler, considerando que naquela ocasião o então porta-voz para o Cone Sul, Francisco Cadena Collazos, conhecido como “padre” Oliverio Medina encontrava-se preso na Superintendência da Polícia Federal em Brasília.

Orlay Jurado Palomino, conhecido como Comandante Hermes, passou a ser o chanceler preenchendo as vagas deixadas pelo pseudo-padre Oliverio Medina e por Rodrigo Granda, detido em 2004 na Venezuela e extraditado para a Colômbia. Segundo um agente colombiano, Hermes era “o braço direito de Granda”. Hermes vive em São Paulo e se movimenta livremente entre Brasil, Paraguai, Venezuela e Argentina e foi acusado de participar do seqüestro e assassinato de Cecília Cubas em março de 2005, depois de 6 meses de cativeiro, filha do ex-presidente do Paraguai, Raúl Cubas.

Oliverio Medina recebeu do Comitê Nacional para Refugiados (CONARE), órgão pertencente ao Ministério da Justiça, o status de refugiado político, mesmo não satisfazendo uma cláusula constante do Art. 3º da Lei 9.474 de julho de 1997, que diz: “Não se beneficiarão da condição de refugiado os indivíduos que tenham cometido crime contra a paz, crime de guerra, crime contra a humanidade, crime hediondo, participado de atos terroristas ou tráfico de drogas”. Medina é acusado em seu país (Colômbia) de ter comandado ataque a uma unidade do Exército em 1991, ocasião em que dois militares foram mortos e outros 17 seqüestrados, por terrorismo, assassinato, seqüestro e extorsão, portanto, não poderia ter recebido o status, conforme prevê o Estatuto do próprio órgão que o concedeu, o CONARE.

Muito esperto, Oliverio Medina escreve uma carta ao CONARE[³] prometendo romper suas relações com as FARC. Em carta de próprio punho, entregue em sigilo ao CONARE, Oliverio Medina garantiu que não fará mais contato com a guerrilha e se manterá afastado de qualquer questão envolvendo o conflito armado em seu país, afirmando que, a partir de agora, “seu único desejo seria lutar pela família”, uma vez que é casado com uma brasileira com quem tem uma filha de 3 anos. O “gesto” comoveu os membros do CONARE que concederam o refúgio no dia 14 de julho de 2006, por seis votos contra um e em 21 de março de 2007, foi finalmente liberado da prisão. Vale salientar que, historicamente, todos os guerrilheiros (ou agentes de serviços secretos comunistas – vejam o caso do ex-agente da KGB assassinado ano passado em Londres) que tentaram abandonar a guerrilha por vontade própria foram “justiçados”, ou seja, assassinados, para que mais adiante não revelassem segredos da organização, como ocorreu com os guerrilheiros do Araguaia e com Marcio Leite Toledo, da ALN.

Entretanto, no computador de Oliverio Medina os agentes da PF encontraram mensagens endereçadas por ele aos Comandantes Hermes, Raúl Reyes e Rodrigo Granda, cappos das FARC, em que Medina relata em 24 de março de 2004 o encontro que tivera com líderes do partido Pátria Libre (PL) do Paraguai que ele chama de “cuenta chistes” (contador de piadas), em Brasília, para traçar os planos do seqüestro e assassinato de Cecília Cubas.

No fac-símile do jornal pode-se ler a mensagem que reproduzo (traduzida):

“Camaradas Raúl, Ricardo e Hermes, saudação comunista para todos.

Tive uma reunião com o “cuenta chistes” em Brasília. Consultados sobre as condições no Paraguai para a estadia de um camarada nosso, (que sabemos será o Camarada Hermes) me disseram que iam estudá-las cuidadosamente”.

Medina anexa uma carta às FARC assinada por Juan Arrom (secretário-geral do PL), Anuncio Martí e Victor Colman, que estão vivendo sob asilo político no Brasil desde 2003. Em 12 de julho Granda avisou a Raúl Reyes que o planejamento do seqüestro de Cecilia Cubas estava pronto, acrescentando que Hermes faria a inspeção do cativeiro e daria dicas sobre “a melhor maneira de negociar e cobrar” e que depois “poderia voltar ao Brasil”. Quer dizer, um seqüestro (com extorsão de US$ 800 mil que foi pago pela família), seguido de morte e ocultamento de cadáver foi planejado em território nacional brasileiro, com o apoio e conivência de Oliverio Medina que primeiro recebe o indulto como “refugiado político” e depois a liberdade total, com o apoio da CNBB, do PT, do PSB, do PcdoB e a conivência até do Supremo Tribunal Federal e tudo isto com o conhecimento da PF!

Como se não bastasse, segundo informa o Correio Braziliense, a Polícia Federal segue os passos do Comandante Hermes desde abril de 2006, sabe que ele vive em São Paulo, tem cópia de sua carteira de identidade falsa, como equatoriano (ver foto) mas: aonde está este guerrilheiro hoje? Atrás das grades? Foi deportado para a Colômbia? Por que a PF ainda não divulgou para a imprensa a captura e prisão deste guerrilheiro assassino? Por que estas informações não são dadas ao povo brasileiro mas apenas as que envolvem compras de votos e consciências, casos de adultério de parlamentares, corrupção banal? A ABIN tem conhecimento disto, o Ministério das Relações Exteriores tem conhecimento disto, o Departamento de Polícia Federal tem conhecimento disto e, por extensão, o Ministério da Justiça tem conhecimento disto, o Exército Brasileiro também tem conhecimento disto, como provam os links onde tais matérias foram reproduzidas, mas, por que o povo brasileiro não sabe nem pode saber destes crimes que são cometidos dentro do seu próprio país e contra ele próprio, e porquê nada se faz contra estes criminosos?

Porque o presidente Lula e seu partido são amigos e parceiros das FARC através do Foro de São Paulo do qual são membros e porque o PT do sr. Lula comprometeu-se com o Foro de São Paulo, assinando uma resolução, a considerar como “terrorismo de Estado” não os crimes praticados pelas FARC, mas todo aquele (povo ou Governo) que se opuser às suas ações criminosas. Querem a prova disto? Na reeleição do sr. Lula, Raúl Reyes, um dos cappos das FARC, enviou uma saudação da qual destacamos alguns trechos: “(...) Laços históricos nos unem ao povo brasileiro”. (...) “Aproveitando este momento singular e histórico que estão vivendo o Governo e o Povo do Brasil, manifestamos-lhe a disposição de nos mantermos abraçados em nossa Política de Fronteiras...” (...) “Para o qual queremos contar com o apoio do Governo e do Povo do Brasil...” (http://www.farcep.org/?node=2,2428,1).

Querem a prova de que as FARC são membros fundadores do Foro de São Paulo e continuam pertencentes até hoje? No XII Encontro do Foro de São Paulo, ocorrido em 16 de janeiro deste ano em El Salvador, Raúl Reyes envia uma carta de saudação e reafirma sua pertinência até a presente data. Alguns trechos da carta: “(...) Companheiros e companheiras delegados e delegadas do XII Foro, recebam nossa carinhosa e bolivariana saudação, muitos êxitos em suas deliberações”. “(...) Por não podermos estar presentes em tão importante evento entregamos a vocês este documento com nossos pontos de vista, e agradecemos de antemão tê-lo em conta nas deliberações”. “(...) Cremos oportuno manifestar nossa inquietação e desagrado pela posição de alguns companheiros que de forma e sob responsabilidade pessoal, dizem publicamente que as FARC não podem participar do Foro por ser uma organização alçada em armas”. (...) “Aos companheiros que pensam que não podemos participar, fraternalmente os convidamos a que nos acompanhem...” (http://www.farcep.org/?node=2,2513,1).

Em 26 de março de 2007, as FARC dizem que “esperam de Lula e de Chávez o reconhecimento e ajuda na organização guerrilheira”. “... esses dois ilustres presidentes não só podem nos ajudar, podem fazer muito mais que isso. São governos que, de maneira soberana, podem reconhecer em um dado momento que em um determinado país surgiu uma nova realidade política” (http://www.eldiarioexterior.com/noticia.asp?idarticulo=13643).

E, finalmente, em 30 de abril de 2007, Raúl Reyes escreve uma “Carta Aberta” endereçada ao governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), à Comissão Brasileira de Justiça e Paz, aos ilustres Ministros do Supremo Tribunal Federal e à Procuradoria Geral da República para agradecer pela liberação de Oliverio Medina. Diz ele: “Com alegria recebemos e aplaudimos a liberação do padre Oliverio Medina no passado 21 de março, quando na magna Audiência o Ilustríssimo Supremo Tribunal declarou extinto o processo de Extradição que havia contra ele, em uma histórica votação de nove a um”. (...) “Em tal Audiência brilharam o decoro e o respeito com que são acatados os Tratados Internacionais dos quais o Brasil é signatário; a soberania na tomada de decisões; o sentido de justiça em defesa da vida,...” (http://www.farcep.org/?node=2,2852,1).

Ficou claro porquê nosso maior problema, que envolve a gravíssima questão do narcotráfico que tem levado à morte 50 mil brasileiros por ano é encoberto do público, quando não jogado para baixo do tapete? Ficou claro porque a PF não pode agir com independência e corretamente para acabar com a criminalidade que envolve traficantes dos bandos PCC, CV, MST e assemelhados? Há profissionais competentes e que honram seus distintivos na PF e na ABIN mas há também muitos a serviço do Partido-Estado e não da Nação, além de a maioria estar de mãos atadas porque, em última instância, obedecem ordens diretas do ministro da Justiça, antes o sr. Márcio Tomás Bastos e agora o sr. Tarso Genro, o primeiro simpático aos comunistas e o segundo trotskista membro do PT, portanto, também signatário das deliberações do Foro de São Paulo.

Não me interessam as falcatruas de políticos com empreiteiras, ou filhos adúlteros de parlamentares mas sim, quando a Polícia Federal vai prender os terroristas das FARC comodamente instalados em nosso país. Este sim, é o nosso maior e mais grave problema e o povo brasileiro não pode mais continuar na ignorância, sendo ludibriado com cortinas de fumaça enquanto o crime prospera impune debaixo do seu nariz.

NOTAS:

1. Matéria do Correio Braziliense só disponível para assinantes, reproduzida pelo site do Ministério das Relações Exteriores http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe.asp?ID_RESENHA=176513

2. O link que levava ao jornal Correio Braziliense só está acessível para assinantes, porém a matéria foi reproduzida no site do Ministério das Relações Exteriores http://www.mre.gov.br/portugues/noticiario/nacional/selecao_detalhe.asp?ID_RESENHA=247097 e também no site do Exército Brasileiro http://www.exercito.gov.br/resenha/resenha%20anterior%20word/julho/resenha%2025%20Jul%2006.doc.

3. A matéria relativa a esta declaração pode ser lida no site do Departamento de Polícia Federal, Divisão de Comunicação Social do DPF http://www.dpf.gov.br/DCS/clipping/2006/Julho/27-07-2006NAC.htm e também no site do EB http://www.exercito.gov.br/resenha/resenha%20anterior%20word/julho/resenha%2027%20Jul%2006.doc, uma vez que pelo site do Correio Braziliense só está acessível a assinantes do mesmo.

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