Por Márcio Accioly
Edição de Artigos de Sábado do Alerta Total
No dia 1º de dezembro de 2005, por 293 votos contra 192, o então deputado federal Zé Dirceu (PT-SP) foi cassado pela Câmara dos Deputados. Ele está indiciado por formação de quadrilha e outros crimes, no STF. O ex-deputado foi todo poderoso ministro da Casa Civil, na gestão petista. Fazia e acontecia.
Como “quem é rei nunca perde a majestade”, comenta-se que sua ex-excelência continua a ser uma das figuras mais influentes do atual “governo”: manda e desmanda. Sabe muito a respeito do chefe e seria altamente inconveniente contrariá-lo.
Em janeiro de 95, dez anos e meses antes da cassação de Dirceu, o Congresso Nacional anistiou o então senador Humberto Lucena (PMDB-PB), por improbidade administrativa. Ele havia sido cassado pelo TSE – Tribunal Superior Eleitoral -, pois mandara confeccionar material de propaganda eleitoral pessoal na Gráfica do Senado.
A administração pública brasileira, desde que Cabral por aqui pôs os pés, tem sido pautada pela troca de favores e influência, pelo massacre dos mais pobres e pela eterna impunidade das classes dominantes.
A vinda de D. João VI, O Imundo (1808), só fez consolidar o cenário. O Imperador (1821-31), Pedro I, cheio de amantes e filhos bastardos, sustentados alegremente pelas arcas da viúva, deu seqüência a uma prática que continuou pela República até os nossos dias.
É só verificar a impunidade acertada no acordo que sepultou a CPI dos Cartões Corporativos. O ex-presidente FHC (1995-2003), que gastou milhares e milhares de reais do dinheiro público para sustentar seu filho com a jornalista Mirian Dutra, e outro que teve com a cozinheira do senador Ney Suassuna (PMDB-PB), que o diga.
Nada será apurado e só resta ao contribuinte continuar a financiar os prazeres de algozes milenares. Basta ver o filho “empresário” (Fábio Luiz Inácio da Silva, o Lulinha), do presidente Don Luiz Inácio (PT-SP). Até conta de internet daquele exemplar homem de negócios o cartão corporativo pagou.
Agora, a Assembléia Legislativa do Rio de Janeiro tomou providências imediatas e extremas para liberar um de seus deputados, Álvaro Lins, preso em flagrante pela Polícia Federal (e acusado pela prática de vários crimes).
Em setembro do ano passado, o delegado Alexandre Neto, hoje licenciado da Divisão Anti-Seqüestro, sofreu atentado em que levou nove tiros, mas milagrosamente escapou.
Ele elaborou dossiê em que detalha com minúcias as ações criminosas de Álvaro Lins, mas de nada adiantou e o deputado goza de imunidade, só podendo ser preso em flagrante (como o foi), fato que a AL do Rio de Janeiro cuidou logo de remendar.
Como se verifica, ninguém é preso e as condições dos atuais presídios também não recomendam punição desse tipo. Todos os dias somos bombardeados pelo noticiário dos meios de comunicação, mostrando que o país está livre para se praticar todos os crimes, sem qualquer risco a quem os pratica. Perigoso mesmo é denunciar.
O chamado “Estado Democrático de Direito” no Brasil é muito bom. É certo que, por enquanto, ainda não existe segurança para quem trabalha, paga seus impostos e elege os ditos representantes, mas, não resta dúvida, tudo tende a melhorar. É questão de ter paciência e aguardar, dizem os manda-chuvas. Nada se faz do dia para a noite.
Temos tido presidentes acusados de todos os desvios e desmandos, mas ninguém é responsabilizado. O Estado Brasileiro é constituído por quadrilhas perigosíssimas e bandidos de alta periculosidade. Caminhamos para generalizado descontrole.
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