Pantaneiro - Psicanalista
Pós-graduado em Política e Estratégia – UCDB
Nascido e criado entre os índios Terenas.
A injustiça histórica a que nossos índios foram submetidos, quando perderam seu habitat, modo de vida e sua cultura, se constitui numa divida que toda nossa sociedade tem para com tais brasileiros. É um povo que revela grande força, quando ainda se mantém unido, preservando, sobretudo seus laços familiares e alguns costumes através dos quais o grupo se mantém como tal.
Mas do mesmo modo que a rápida urbanização de nossa população rural a levou à perda de parâmetros e ruptura de laços familiares, do que resultou a criminalidade, gravidez precoce, desestruturação familiar, perda da noção de como criar os filhos, a deterioração cultural também atingiu a população indígena. Com um agravante: sendo um povo "tutelado", aqueles responsáveis por seu destino parecem nortear-se mais por ideologia e interesses dinheiristas do que por uma preocupação genuína pelo seu bem estar e progresso.
Suas aldeias são, literalmente, favelões. Suas terras, ainda que poucas, são frequentemente ociosas. Áreas ocupadas que eram pastagens, são meramente arrendadas. Suas escolas são deficientes, não os preparando para ocupar um lugar digno na sociedade
Culturalmente vivem num "limbo", isto é, em lugar indefinido, vendo o progresso ao seu redor, e sem chance de alcançá-lo. Os responsáveis por seu destino vêem chegar o álcool, a droga, a prostituição, a indigência, o suicídio e são incapazes de propor algo efetivo para integrá-los à sociedade, com direito aos benefícios da civilização. Nasci e criei-me junto aos Terena, nunca conheci um índio que não tivesse tal ambição.
Para este Governo, para a Funai, o problema da terra para o índio se resolverá criminalizando a História de Mato Grosso, de MS: o fazendeiro será expulso como um ocupante de má fé e o Estado brasileiro não porá a mão no bolso, embora tenha milhões para dar a índios bolivianos e paraguaios.
O mal está feito. Resta saber até onde irá caminhar esse projeto infame para nossas fronteiras, e que não é só para MS, pois o mesmo se passa em vastas áreas da Amazônia onde, também, organizações e recursos externos dão as cartas. O resultado é sempre o mesmo: conflito entre as comunidades, isolamento dos povos indígenas, domínio sobre fronteiras e fartos recursos minerais, presença de Ongs estrangeiras. Até quando isso será tolerado pela Nação, que é maior que governos e órgãos estatais? Ou algum mensalão nos corrompeu a vergonha e a dignidade?
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