sexta-feira, agosto 08, 2008

PRIMEIRA ETAPA

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MARIA LUCIA VICTOR BARBOSA
Socióloga
24/08/2007

Escreveu Maquiavel em O Príncipe: “...conhecendo-se de longe (o que só é dado ao homem prudente) os males que virão, pode-se curá-los facilmente, mas, quando esses males se avolumam, por falta de tal conhecimento, de modo que todos podem já reconhecê-los, não há mais remédio que possa estancá-los”.

Tomemos o caso da Venezuela, país em que se consolidou a ditadura de Hugo Chávez, considerada pelas esquerdas latino-americanas modelo de democracia como, aliás, é declarado também o sistema totalitário de Fidel Castro:

Chávez, primeiramente golpista, acabou se tornando presidente da República da Venezuela através do voto. Uma vez alcançado seu objetivo dominou os Poderes Legislativo e Judiciário, anulou os meios de comunicação livres, cooptou o Exército, seduziu com programas assistencialistas a camada mais pobre da população.

Agora ele apresentou um projeto de reforma da Constituição Venezuelana, cuja finalidade é perpetuá-lo no poder. Um dos meios para isso é acabar com as oligarquias e entronizar o “poder popular”, que não é expresso pelo voto, mas por versões dos sovietes stalinistas, ou seja, pelos conselhos operários, camponeses e estudantis que, naturalmente irão lhe assegurar apoio unânime.

Na “reforma”, Chávez definiu mais claramente o “socialismo do século 21” ao classificar a propriedade em cinco tipos:

1) social (pertencente ao povo e controlada pelo Estado);
2) coletiva (pertencente a grupos sociais ou comunitários, mas sob o controle do Estado);
3) mista (com participação do setor privado e do Estado, mas sob controle deste);
4) pública (administrada pelo governo, ou seja, pelo Estado);
5) privada (que poderá ser confiscada quando afetar os direitos de terceiros ou da sociedade, quer dizer, do Estado). É preciso lembrar que o Estado é Hugo Chávez.

Observemos agora o Brasil: Em seu primeiro mandato, através de Lula da Silva, o PT no poder dominou o Congresso Nacional pela compra de votos, o que foi chamado pelo então deputado Roberto Jefferson, de “mensalão”. Foi também no primeiro mandato que estouraram os escândalos envolvendo a cúpula do PT, inclusive, a que ocupava ministérios ou cargos importantes. A estratégia, então, foi distanciar Lula da Silva de seu partido para que não fosse contaminado pelos fartos e fortes indícios de crimes cometidos pelos correligionários. A manobra deu certo e ele foi reeleito, dizendo sempre que nada via, de nada sabia, que não era responsável pelos errinhos cometidos por companheiros traidores.

No momento o STF está decidindo se acata ou não a denúncia do procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza, contra quarenta acusados que, segundo ele, formam uma quadrilha, sendo o chefe do bando o ex-chefe da Casa Civil, deputado cassado e companheiro íntimo do presidente da República, José Dirceu. O STF, que sob a presidência de Nelson Jobim, atual ministro da Defesa, livrou das penalidades legais certos companheiros, agora pode dar sinais de independência acatando a denúncia. Mas, ao final de um longo processo os ministros poderão inocentar vários dos réus alegando falta de provas.

O PT tentou criar mecanismos para cercear completamente a liberdade de imprensa. Não conseguiu, se bem que parte da mídia se assemelha a “voz do dono”. Para reforçar vem ai a TV Pública (leia-se estatal) conduzida por Franklin Martins. Será a TV Lula.

No mais, repito: estamos sem oposições configuradas em partidos políticos, governos estaduais, instituições e entidades. E a um esboço de oposição, apresentada de forma difusa por vaias ou por movimentos sem objetivo claros, Lula da Silva respondeu de forma ameaçadora, dizendo que é bom em “por gente na rua”. Não se trata de desempregar opositores, mas de conclamar as numerosas hostes que servem ao PT como, por exemplo, o MST, a CUT, a UNE (camponeses, operários, estudantes) e demais movimentos sociais.

Ao mesmo tempo, o presidente da Republica ensaia sua democracia de massas, como no recente encontro (que dizem foi financiado pelo governo) que teve com as “margaridas”. Naquela ocasião, mais uma vez, ele clamou contra as elites (oligarquias?) e disse governar para os pobres. Na candente retórica de palanque a clara pregação da luta de classes, a intenção de dividir para governar, o envenenamento de mentes e corações.

Quanto ao MST, que terá em Goiás um curso de Direito só para sem-terra, não se limita mais a invadir propriedades. Invade universidades junto com outras organizações. Nas invasões, o estímulo ao ódio racial, que vem sendo insuflado pelo PT no poder.

Para culminar, o partido pretende conseguir um plebiscito (democracia de massas?) para aprovação de uma Constituinte. Note-se que será exclusiva para reforma política e já se murmura sobre um terceiro mandato.

Há quem diga que não há mais remédio. Eles vieram para ficar e o que se viu até agora foi a primeira etapa. Nela, o mal já se enraizou.

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