quinta-feira, agosto 14, 2008

JOSÉ DIRCEU: FINALMENTE, A ADMISSÃO DOS CRIMES PETISTAS.

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Mais: esquema PT é igual a esquema PC

04.01.2008, 16h24

Reinaldo Azevedo


Não li ainda, por motivos óbvios, a entrevista do deputado cassado e consultor de empresas JoséDirceu concedida à revista Piauí de janeiro, que chegou hoje às bancas. Sei o que me contam os leitores e o que se publicou a respeito. A repórter Daniela Pinheiro acompanhou Dirceu por seis dias e três países. E o homem soltou o verbo. Sendo quem é, mandou recados. Resta saber para quem e por quê.


Dirceu, a gente sabe, orgulha-se de seu realismo, não é? Lembro-me do esforço que Franklin Martins fazia, quando era apenas um jornalista civil, para dizer que não havia provas da existência do mensalão no PT. Huuummm.

Leia o que disse o ex-ministro- chefe da Casa Civil e vejam se isso não se parece com uma confissão: "Esse pessoal [ele está falando dos petistas] é assim. Chegava para o Delúbio e falava: 'Delúbio, preciso de 1 milhão'. Como é que alguém vai arrumar esse dinheiro assim, de uma hora para outra? Aí, quando não recebiam o dinheiro, diziam que estavam sendo preteridos porque eram de uma outra corrente, de uma outra ala, que a direção era autoritária. O pobre do Delúbio tinha que ir aos empresários conseguir doações. Aí, estoura o mensalão, e esse pessoal vem dizer que o Delúbio era o homem da mala. O que não dizem é que a mala era para eles."

E Delúbio? Terá caído em desgraça? Nada disso. Ele ainda é homem de confiança da turma, daí que tenha arcado com tudo sozinho, sem jamais roer a corda. Ele é funcionário do Moderno Príncipe, do ente de razão que governa o Brasil. Segundo a reportagem da Piauí, Dirceu se encontra semanalmente com o agora deputado Antonio Palocci (SP). Dias antes da entrevista, quem participou do bate-papo? Justamente Delúbio. Todos eles jantaram na casa do deputado João Paulo Cunha (SP), outro mensaleiro petista.

Mas vocês não devem deixar escapar o detalhe: "O POBRE DO DELÚBIO TINHA QUE IR AOS EMPRESÁRIOS CONSEGUIR DOAÇÕES." Doações??? Por que alguém doaria dinheiro ao partido? Ora, só o faz quem espera compensações, não é? ATENÇÃO: COLLOR CAIU QUANDO SE DEMONSTROU QUE EMPRESÁRIOS DOAVAM DINHEIRO AO ESQUEMA PC EM TROCA DE COMPENSAÇÕES. Não há escapatória: Dirceu está dizendo que o mesmo esquema funcionou –funciona ainda? – no petismo. Até porque as "doações", evidentemente, eram ilegais e devidamente sonegadas.

Mas ele foi além: afirmou que a sede do PT gaúcho foi construída só com "dinheiro de caixa dois", com "mala de dinheiro". O governador, à época, era Olívio Dutra. Muito solidário, afirma Dirceu: "A gente estava com eles, não os abandonamos em nenhum minuto". Ouvido a respeito, o ex-governador disse estranhar a afirmação, já que a tal sede não foi "construída", mas "comprada". O homem é mesmo um formalista, não é? O centro da informação não está na compra ou na construção, mas no caixa dois. Não sei se vocês se lembram: o governo de Olívio Dutra foi marcado pelo escândalo do jogo do bicho.

Heloísa Helena

A presidente nacional do PSOL, Heloísa Helena, não escapou. Segundo Dirceu, ela realmente votou contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão (DF): "Votou mesmo e por motivos impublicáveis. Mas nunca a deixamos sozinha, defendemos o tempo todo, mesmo sabendo que a história era diferente. Depois, olha o que fazem." A ex-senadora já avisou que vai processá-lo. Ah, bem, que se esclareça: ela própria já comentou a insinuação de que tivesse um caso com Estevão. Chegou a dizer que não dormia com "homem rico e ordinário" e que "vomitava em cima".Ele respondeu (leia abaixo).

Sigamos ainda com José Dirceu. Escreve a Piauí sobre a sua atuação profissional: "Tem uma carteira de quinze bons clientes, a maioria deles estrangeiros, aos quais presta consultoria. Os brasileiros lhe pagam entre 20 e 30 mil reais. Deu como exemplo de cliente de peso o banco Azteca, do empresário mexicano Ricardo Salinas, que quer se estabelecer no Brasil (...). Outro cliente é o também mexicano Carlos Slim, o homem mais rico do mundo, que planeja implantar no Brasil a televisão a cabo com mensalidade de 40 reais. 'Mas não sou consultor dele no Brasil', disse. “Como defendo coisas contrárias ao interesse dele aqui, temos um acerto informal de buscar negócios em outros países da América Latina'."

O modo Dirceu

Quero chamar a atenção para um aspecto notável da entrevista de Dirceu: observem que, em três momentos, ele fala de fidelidade:

1) os petistas buscavam dinheiro com Delúbio e depois se fizeram de escandalizados; 2) o PT nacional apoiou o PT gaúcho no momento das denúncias; 3) o partido apoiou Heloísa Helena, embora, segundo o ex-deputado, ela realmente tenha votado contra a cassação de Luiz Estevão.

Dirceu tem uma noção de fidelidade que lembra muito a máfia italiana: o partido oferece proteção aos seus, pouco importa o que façam, mas exige reciprocidade. Tem de funcionar como ordem unida, ou os que dissentem recebem o beijo da morte.

Preciso ler a entrevista no detalhe para tentar interpretar os recados, mas o que se tem até aqui é a clara e inequívoca confissão de alguns crimes, não é? Mais: Dirceu fala como quem soubesse dos métodos a que recorria Delúbio Soares, mais do que nunca, vê-se agora, uma prática autorizada pelo partido. E, se era assim, resta evidente que o chefão de todos, Luiz Inácio Lula da Silva, sempre soube de tudo.

"Imprensa golpista"

Dirceu, evidentemente, não tem competência para absolver ou condenar o jornalismo que se pratica no Brasil. Mas os tontons-macoutes petralhas que acusam a mídia de ser "golpista" e de perseguir os moralistas do PT estão recebendo a confirmação do Grande Chefe Vermelho: era tudo verdade.

José Dirceu 2 – De cassação do registro a crime de responsabilidade

Vocês devem se lembrar. Já escrevi aqui mais de uma vez que o pior do petismo é o que chamo de rebaixamento das instituições – e, por conseqüência, da vida institucional brasileira. Precisamos todos nos perguntar o que está querendo o "consultor de empresas" José Dirceu ao dar com a língua nos dentes. É possível pensar que esteja mandando um recado em razão de algum interesse contrariado? É evidente. Hoje ele vive de buscar oportunidades para seus "clientes". É só um jeito elegante de escrever "lobby". Lembrem-se, por exemplo, das disputas pelo controle da Brasil Telecom, de que o governo foi peça ativa: os petistas se metem em grandes jogadas. Isso à parte – e vamos conversar a respeito nos próximo dias -, é evidente que as "confissões" de Dirceu turvam ainda mais a já bastante desmoralizada política brasileira.

Observem a sem-cerimônia com que ele admite caixa dois. Vejam a tranqüilidade com que informa que Delúbio conseguia dinheiro com empresários. Reparem no tom quase aborrecido com que confessa que dinheiro ilegal pagou a sede do PT gaúcho. Não obstante, ele não acha que cometeu crime. Para voltar a uma frase célebre sua, está "convicto da inocência". Tanto é assim, que acredita ter sido cassado injustamente e luta por uma anistia. Dirceu quer que todos passemos a considerar o crime uma coisa normal, um dado da política.

Espero que os partidos de oposição se encarreguem da tarefa de acionar a Justiça. A informação de que Delúbio buscava dinheiro com empresários merece uma apuração paralela àquela que já promove a Procuradoria Geral da República. Quais empresários fizeram a doação não-registrada? Por que o fizeram? Obtiveram alguma vantagem do governo depois? A confissão é grave e pode dar de cassação do registro partidário a acusação de crime de responsabilidade do presidente da República.

Heloísa Helena diz que vai processar Zé Dirceu

04.01, 14h25

A presidente nacional do PSOL, ex-senadora Heloísa Helena (AL), afirmou nesta quinta-feira que pretende abrir um processo na Justiça contra o ex-ministro de Lula José Dirceu. Heloísa não gostou de declarações dadas pelo petista à revista Piauí deste mês, segundo o qual ela teria votado contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão em 2001.

Em resposta às acusações, a alagoana afirmou que Dirceu roubou dinheiro público. Segundo ela, o deputado cassado se empenhou em agredi-la "como mulher" por não encontrar em sua biografia nenhum indício capaz de manchar sua trajetória como militante política.

"Além de ser um conhecido ladrão dos cofres públicos, que anda por aí, passeando pelo País e gastando todo o dinheiro que ele roubou do povo, enquanto eu estou na sala de aula ganhando meu salário como professora, ele se mostra um velho, machista e canalha", declarou Heloísa.

Heloísa afirmou que o processo que corre contra Dirceu no STF por causa do escândalo do mensalão serve de exemplo de sua conduta. Chamando o ex-ministro de "ladrão" e "rato" sucessivas vezes, ela acrescentou: "Se durante toda a carreira dele de homem público medíocre e ladrão, ele cometeu inúmeros atos que certamente não podem ser publicados, eu, como mulher trabalhadora, nunca fui capaz de nenhum ato 'impublicável'".

Ela referia-se à expressão usada pelo petista para descrever os supostos "motivos" do voto da ex-senadora pela absolvição de Estevão. Disse ainda que o petista deveria "se comportar como homem" e contar que "atos impublicáveis" seriam esses . "Mas ele certamente não é um homem.

Não vou dizer que é outra coisa, porque eu respeito outra coisa. Ele é um rato, covarde."

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