sábado, agosto 09, 2008

ALGUÉM QUER COLOCAR UM CARTUNISTA ATRÁS DAS GRADES NA VENEZUELA. SERÁ?

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Monday, March 10, 2008

PELA REDE INTERNACIONAL DE COMPUTADORES CIRCULA A INFORMAÇÃO DE QUE O DITADOR HUGO CHAVEZ PRETENDE COLOCAR O CARTUNISTA ROBERTO WEIL, QUE PUBLICA SEU TRABALHO EM VÁRIOS JORNAIS DA VENEZUELA, ATRÁS DAS GRADES. VEJA OS CARTOONS E SAIBA POR QUE...

VEJA AS CHARGES E UMA ENTREVISTA COM WEIL, PUBLICADA NO BLOG NOTICIERO DIGITAL (http://blogs.noticierodigital.com/roger/?p=148), EM 4 DE ABRIL DE 2007.



Roberto Weil, publica sus Anécdotas de un sueño revolucionario
(ROBERTO WEIL PUBLICA SUAS ANEDOTAS DE UM SONHO REVOLUCIONÁRIO)

(Tradução resumida)


Com o selo da editora espanhola Morales y Torres, o cartunista Roberto Weil acaba de publicar uma seleção de suas melhores charges, publicadas no diário TalCual. Parecendo um caranguejo ermitão, Weil sai de sua toca, para falar de uma obra gráfica que reflete uma época que mudou sua vida e a de seu público.

- O QUE CONTAM ESTAS CHARGES?
- Este é um livro para se folhear no banheiro. Mostra que nossa realidade se transformou em um discurso interminável. Assim, conto esta nossa vida, desde junho de 2000, quando você (a entrevistadora que representa o diário Tal Cual) me tirou do sossego de minhas pinturas para fazer caricaturas. Falo de um período muito especial para este país, que vai de 2000 a 2006, já que não se sabe se este governo (o de Chavez) vai cair amanhã ou se vai durar por mais que 20 anos.

-NÃO SE SABE...

- Não se sabe. Mas, fora isso, estou contente de que tudo possa ser traduzido num trabalho. De outra forma, estariam as charges perdidas nos impressos diários. Esta é a história do que temos vivido desde que Chavez assumiu o poder no país; das pessoas que tinham esperança no presidente e das que a perderam – desde as manifestações de rua, até as eleições de dezembro. Tudo a partir do ponto de vista de quem não está de acordo como que se passa por aqui.

- ESTA É TAMBÉM A HISTÓRIA DE SUA EVOLUÇÃO COMO ARTISTA. MAS, OBSERVO QUE NAS SUAS ÚLTIMAS CARICATURAS, VOCÊ DIZ QUE SUA VIDA ERA MAIS FELIZ DO QUE É HOJE.

- A verdade é que fazer, todos os dias, uma caricatura, uma charge, o torna escravo dessa função. Às vezes parece até que tenho um grilo falante no cérebro. Agradeço a colaboração expressiva do governo, ainda que involuntária, é claro. Não se pode negar que este governo tem ajudado muitíssimo aos humoristas. , oferecendo, diariamente, matéria prima excelente e abundante.

-HÁ QUANTO TEMPO VOCÊ NÃO TIRA FÉRIAS?

-Não sei por que, mas até quando se tira férias você continua mandando caricaturas – o que me parece absurdo. Mas, a partir de agora, vou toma uma decisão: de tirar um mês de férias, não publicarei charges durante este mês. Porque isso faz de você um ser muito egocêntrico, achando que se não mandar suas caricaturas o jornal não será o mesmo.

- REALMENTE VOCÊ É TÃO INFELIZ QUANTO MOSTRA EM SUAS CHERGES OU É SÓ UMA POSTURA DE CHARGISTA?

- É certo que quando se envolve com um trabalho, fazendo-se escravo deles, não pára de pensar no ofício, da hora de que acordo à hora em vou dormir. É claro que tenho que fazer outras coisas. E faço. Mas, trabalhar com estas charges é minha maneira de se divertir neste planeta.

-É EVIDENTE QUE SEU TRABALHO MUDOU. PENSO QUE SEMPRE TENHA DESENHADO MUITO BEM, MAS QUE AS LEGENDAS DEIXAVAM A DESEJAR...

-Sim, creio que trabalho melhor como interpretador de idéias. É claro que você acaba aprendendo a fazer isso direito quando todos os dias fica pensando em como resumir um pensamento, uma idéia, numa charge. Creio também que uma das funções dos cartunistas é a de também fazer as pessoas rirem do que não seria nem um pouco engraçado.

- COMO SABE QUE UMA IDÉIA SUA NÃO É MÁ?

-É simples. Eu leio os comentários do Noticiero Digital todas as manhãs e todas as tarde para ver como estão evoluindo. Além do mais, observo o trabalho de outros tantos cartunista também. Antes eu não via, agora vejo e é muito enriquecedor.

- VOCÊ JÁ REPRESENTOU CHAVEZ DE MUITAS MANEIRAS. VOCÊ COLOCA SEMPRE O MESMO PERSONAGEM, SÓ QUE DE MANEIRAS DIFERENTES, COM MUITAS CARAS. AGORA, POR EXEMPLO, TEM DESENVOLVIDO MELHOR O HOMEM BOTA.

-Gostaria que as pessoas vissem quem o quê quisessem por trás desta bota. Já faz um ano que eu não desenho o Chavez propriamente dito, por causa de todas essas Leis sujeitas a interpretações difusas que podem fazer com que homens que fazem trabalho semelhante ao meu sejam processados. Na verdade, não gosto de desenhar ninguém para traduzir uma idéia que pareça pessoalmente ofensiva. Cada vez que faço uma caricatura, vejo-me diante de uma corte tentando me defender. Assim, consigo racionalizar meu trabalho: realmente podem me pegar por isso, ou não podem por aquilo.

-É UMA ESPÉCIE DE AUTOCENSURA, ENTÃO. DE ONDE VEM ESSE MEDO, JÁ QUE NÃO HOUVE AINDA PROCESSO CONTRA NENHUM CATUNISTA?

-Creio que, hoje m dia, todo cartunista pensa dessa maneira. E levaram sim o cartunista Edo, do EL MUNDO, à uma Assembléia por causa de uma charge que fez do magnicídio (assassinato de pessoa eminente) e a Laureano processaram por um artigo humorístico. Creo que todo caricaturista hoy en día piensa así. O presidente Chavez fala muito em magnicídio e, realmente, creio eu, há muitas pessoas que quereriam vê-lo eliminado. Afinal, ele já agrediu a muitas pessoas e, naturalmente, teme vingança. Claro que o medo disso acontecer existe.

-QUAL É O SEU CONTO? O QUE SE PASSOU NOS ÚLTIMOS ANOS?
-Tudo começou com violência. E, o que começa com violência, penso, assim também terminará – com violência. Tudo esse estardalhaço começou com o “golpe” de 1992. Começou mal, vai terminar mal. Outra coisa que acho é acabou sendo como que um processo de “decantação” – começou com um movimento com vários personagens e está, a cada dia que passa, transformando-se na história de um homem só.

-CADA VEZ, ENTÃO, TEM MENOS CARAS PARA CARICATURAR?

-É mais simples porque com apenas uma cara, resume a todas. Agora todo o movimento recai sobre uma só Pessoa.

- E QUAIS FORAM SUAS “CARAS” FAVORITAS NESSE PROCESSO?

-Não há nenhuma realmente favorita. Mas, sem dúvida, dediquei-me mais ao MANDAMAS (MANDA MAIS). Nenhuma realmente favorita. Tornei-me um, por assim dizer, mais um chavista, de tanto caricaturá-lo. Ou seja, inconsciente e involuntariamente, talvez, esteja me tornando aquilo que condeno.

- VOCÊ NÃO É MUITO PESSIMISTA?

-Sempre fui pessimista. Aprendi a viver com isso. Talvez por isso tenha me custado tanto me tornar um cartunista. Porque, se há uma pessoa que pode não ser um profissional bem pago, essa pessoa é o artista. De forma que me deu, sim, muito medo de me tornar um artista. Sendo o pessimista que sou, tenho medo de morrer de fome. Ademais, não sou um fanático pela política, mas, meu trabalho tem muito a ver com ela. De modo que acabo tendo que ler muito sobre o tema. Mas, igualmente, meus pensamentos também giram em torno de outras coisas: a técnica do desenho em si, fazer exercícios, rir com meus amigos.

-MAS O FUTURO O VÊ NEGRO?

-Não consigo ver cenários bonitos no futuro. Tenho ido bem. Acho que não devemos esperar o melhor, o que se tem já pode ser o fabuloso. Pelo que vejo hoje, minha visão do futuro é de cárceres, guerras e outras coisas más. Vejo o mundo muito mal.

- ISSO CONFIRMA O QUE SE DIZ DE QUE OS HUMORISTAS, GERALMENTE, SÃO PESSOAS MUITO SÉRIAS? DO QUE TÊM MEDO?

-Creio que vamos caminhando para a destruição da Humanidade. Cada vez que tomo um banho quente em minha casa – que não é a minha casa, pois vivo com meu pai – penso que consigo trabalhar bem simplesmente por causa destes confortos: tomar banho todos os dias, comer, comprar coisas no mercado. Isso, para mim, não é nada banal. Isso, para mim, é, na verdade, um tesouro que não se sabe até quando alguns poderão ter.

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