quarta-feira, setembro 24, 2008

República de Lakota - um Kosovo no ninho da Águia

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Hiram Reis e Silva



Porto Alegre, RS

14 de setembro de 2008.



"Somos os Lakota das reservas índias Sioux de Nebraska, Dakota Norte, Dakota Sul e Montana, que adoram a liberdade e que se retiraram dos tratados, constituindo assim uma nação independente e livre. Alertamos a Família das Nações que reassumimos a nossa liberdade e independência sob a lei natural, internacional e dos EUA".


(Canupa Gluna Mani)



- Povo Lakota



A nação Sioux possui três divisões geográficas distintas de indígenas que falam o mesmo idioma: os Lakota, os Dakota e os Nakota. No idioma Sioux, todos esses nomes significam `amigo´. Os Sioux resistiram aos brancos até 1890, quando foram perseguidos e massacrados. Atualmente, seus descendentes vivem em reservas nos estados de Dakota do Norte, Dakota do Sul, Nebraska, Leste dos estados do Wyoming e Montana, no centro-norte dos Estados Unidos.



- Líder Russel Means - ativista Oglala Lakota



"Não acredito que o capitalismo em si seja o real responsável pela situação em que fomos declarados um sacrifício nacional... Não, é a tradição européia. É a própria cultura européia a responsável. O marxismo é apenas uma continuação desta tradição e não um remédio contra ela. Aliar-se com o marxismo é aliar-se com as mesmas forças que nos declaram um `custo´ aceitável. Há outro caminho. Há o caminho tradicional dos lakotah e os caminhos de outros povos indígenas americanos. É o caminho que sabe que os seres humanos não têm o direito de degradar a Mãe Terra, que existem forças acima de tudo que a mente européia já concebeu, que os seres humanos precisam estar em harmonia com todas as relações ou as relações eventualmente eliminarão a desarmonia. A ênfase desproporcional dos seres humanos nos seres humanos, a arrogância européia em agir como se estivessem acima da natureza e de todas as coisas relacionadas, só pode resultar numa total desarmonia e num reajustamento que reduz os seres humanos aos seus devidos tamanhos, que lhes dá o gosto daquela realidade que está além do seu controle e alcance, e que restaura a harmonia. Não há necessidade de uma teoria revolucionária para que isto aconteça, pois isto está fora do controle humano. Os povos naturais deste planeta sabem disto e então não teorizam a respeito. A teoria é uma abstração, nosso conhecimento é real".



- República de Lakota



Os Lakota, verdadeiro nome dos Sioux, cujos ancestrais mais famosos foram `Touro Sentado´ e `Cavalo Louco´, declararam nulos os tratados firmados com os Estados Unidos, há mais de 150 anos, no dia 19 de dezembro de 2007. Os ativistas entregaram ao Departamento de estado americano uma carta assinada por Russell Means, Garry Rowland, Canupa Gluha Mani e Phyllis Young. Russel Means declarou, em entrevista coletiva em Washington, que a independência Lakota ocorreu de acordo com a Constituição Americana e a `Convenção de Viena´, sendo legalmente válida, nacional e internacionalmente, e que passavam, a partir daquele momento, a ser uma nação soberana: `Não somos mais cidadãos dos Estados Unidos da América e todos que vivem nas regiões dos cinco estados que compreendem nosso território são livres para se unir a nós´.



Means afirmou, na ocasião, que seriam emitidos passaportes e licenças para aqueles que residissem no território indígena e que renunciassem à cidadania americana. As lideranças Lakota informaram ao Departamento de Estado Americano que declaravam unilateralmente a nulidade dos tratados assinados com o governo. Segundo Phyllis Young, militante do movimento separatista, os tratados de 1851 e 1868, firmados no Fort Laramie, são `palavras sem valor sobre papel sem valor e foram violados em diversas oportunidades para roubar nossa cultura, nossa terra e nossos costumes. Assinamos 33 tratados com os Estados Unidos que não foram respeitados´.



`Através da nossa história e sob a Lei de Reorganização dos Povos Índios de 1934, o Congresso disse que iria rever as propostas de 1968, mas não o fizeram. Mantiveram algumas promessas menores, mas, de forma geral, o tratado não foi honrado. Porque se fosse, não teríamos esse colapso colossal de alcoolismo, abuso de drogas e pobreza e não teríamos as altas taxas de encarcerados nas populações prisionais masculinas e femininas. Somos os Lakota das reservas índias Sioux de Nebraska, Dakota Norte, Dakota Sul e Montana, que adoram a liberdade e que se retiraram dos tratados, constituindo assim uma nação independente e livre. Alertamos a Família das Nações que reassumimos a nossa liberdade e independência sob a lei natural, internacional e dos EUA´.



- Tribo Sioux Rosebud



Rodney Bordeaux, presidente da tribo Sioux Rosebud, afirma que esse não é o desejo de todos os índios e afirma que o seu povo não tem qualquer aspiração de secessão: `A nossa posição é a de que temos de fazer cumprir os tratados e estamos constantemente a lembrar o Congresso disso. Fazemos pressão para que os tratados sejam mantidos e cumpridos porque eles são a base do nosso relacionamento com o Governo Federal´.



- Governo Boliviano - um peso, duas medidas



O embaixador boliviano em Washington, Gustavo Guzman, acompanhado de Russel Means, numa entrevista coletiva à imprensa, declarou: `Estamos aqui porque as exigências dos povos indígenas da América são as nossas exigências. Enviamos os documentos que nos foram apresentados na embaixada para o nosso Ministério dos Negócios Estrangeiros na Bolívia, onde estão sendo analisados



É interessante verificar que o governo boliviano apóia movimentos como este, desde que não sejam no seu território. Recentemente, Evo Morales acusou o embaixador dos Estados Unidos, Philip Goldberg, de fomentar o separatismo nas províncias da `Meia Lua´ e contribuir para alimentar os conflitos que vêm ocorrendo nos últimos dias em vários departamentos do país. Morales expulsou o embaixador Goldberg do país.



- Divergências na `Delegação da Liberdade Lakota´



Movimento Autonomista ou Separatista



Não existe unanimidade no grupo denominado `Delegação da Liberdade Lakota´, em relação à proclamação de independência. Enquanto alguns afirmam que não é uma tentativa de secessão dos Estados Unidos, mas uma reafirmação de sua soberania, outros defendem a criação de um estado soberano.



<http://www.republicoflakotah.com/>



República



Embora Russell Means defenda o nome de República Lakota os demais membros da delegação argumentam que `república´ é um conceito romano e não Lakota.



Governo



A delegação não criou nenhum governo provisório, tendo em vista que devem prosseguir com os seus tradicionais sistemas de governo e, em conseqüência, existem divergências quanto à necessidade de criação de uma capital para a `futura república´.



Reconhecimento Internacional



O hipotético país não é reconhecido internacionalmente, nem pelos USA e nem mesmo por diversos membros da tribo Lakota, que afirmam que não foram representados na proclamação de 19 de dezembro de 2007.



- Enquanto isso, no país Tupiniquim



A Ilusão Messiânica



Mércio Pereira Gomes



"...a ilusão messiânica é a pregação que diversas ONGS exercem sobre alguns povos indígenas para que eles sintam que sua condição de oprimidos na sociedade brasileira pode ser revertida e redimida pelo exercício de práticas messiânicas. Acontece não só por parte das ONGS de cunho religioso, como o CIMI, a OPAN e algumas missões evangélicas, mas também por ONGS laicas. É que a idéia messiânica, embora oriunda do sentimento religioso, se exerce com base em um discurso religioso ou para-religioso, mas por práticas políticas e com objetivos políticos. As justificativas religiosas encobrem os interesses políticos e dão legitimidade às ações políticas.



A ilusão messiânica também tem configurações laicas. Vejam, por exemplo, a proposta do ISA de forçar a FUNAI a demarcar a Terra Indígena Cue Cue Marabitanas em tal dimensão que junte em uma única área as terras indígenas Yanomâmi (9,9 milhões de hectares) e Alto Rio Negro (10,5 milhões de hectares), as quais, junto com a demarcação de mais duas terras contíguas ao Sul, totalizariam cerca de 23 milhões de hectares e fechariam uma fronteira contínua de 2.500 km com a Venezuela e a Colômbia.



Para quê? Não seria para provocar os militares, os políticos regionais e a opinião pública brasileira (que vê essas ações com um misto de mistificação e desaprovação) e levantar uma celeuma desgastante para a causa indígena e para o governo brasileiro diante das pressões que iriam tentar angariar pelo mundo?



É evidente que o ISA não acha viável a formação de uma nação indígena em um território desse tamanho, e é provável que nem o deseje. Também não acredita que os 40.000 indivíduos indígenas, espalhados por esse território em diversas etnias e comunidades, poderão dar conta de organizar esse território em disjunção com o Estado brasileiro.



Assim, o objetivo do ISA é ilusionista e messiânico, no sentido de que eles se consideram capazes de cuidar desse território à revelia do Estado, obtendo recursos do exterior e internamente, como se estivessem governando um estado autônomo. Não é outro plano senão aquele que apresentaram no início do governo Lula. O ISA achava que até as Forças Armadas deveriam estar subordinadas a esse planto mirabolante. Hoje esse plano foi diluído e vem dissimulado na terminologia `território de cidadania´, tal como está apresentado no plano de ação da atual gestão da FUNAI. A ironia dessa dissimulação não pode passar desapercebida".



<http://merciogomes.blogspot.com:80/2007/10/iluso-messinica.html>

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