JOÃO RICARDO MODERNO
Presidente da Academia Brasileira de Filosofia
O velório da democracia é o último dos velórios. O definhamento da democracia ou do momento democrático no mundo tem o seu subproduto no Brasil a partir do totalitarismo do bandido e do narcoterrorismo. A opressão da delinqüentocracia iniciada em meados da década de 1980 atingiu o seu ponto mais alto hoje, por ocasião das eleições. O fim da democracia está evidenciado pela incorporação, vista como natural, da delinqüência como princípio de Estado e de governo.
Ao desempenho melancólico do Brasil na Olimpíada corresponde outro pior ainda na democracia representativa, debilitando as convicções democráticas e os compromissos morais e éticos com o aprofundamento da democracia do cidadão. O Estado tornou-se um obstáculo à sociedade. Esta serve ao Estado, que serve ao bandido, que desserve a todos. Ruptura institucional flagrante.
As diversas manifestações do terrorismo contemporâneo demonstram a íntima colaboração entre ideologia, narcotráfico, religião, Estado e corrupção. Os atores encontram pontos de apoio e cumplicidade. O perdedor e inimigo é o cidadão honesto. Tapar buracos na segurança pública é promover uma farsa que beneficiará os predadores da democracia e da cidadania. Viraram pó. O mapa do perigo é o do Brasil.
Lamento, mas acabou o Estado de Direito Democrático no Brasil. Todas as grandes e médias cidades estão controladas pelo crime, de norte a sul. A noção de dentro e fora do Estado e do governo acabou. O crime destruiu as fronteiras do Estado. Ele é o Estado. A cultura democrática capitulou. Vários países mais bem colocados que o Brasil na Olimpíada têm observadores da Organização das Nações Unidas (ONU) para as eleições. Chegamos lá. Medalha de barro.
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