segunda-feira, outubro 20, 2008

O COMUNISMO MORREU... ENTÃO, TÁ...

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PARA QUEM VIVE REPETINDO A IDÉIA ACIMA, FEITO PAPAGAIO, É BOM LER OS ARTIGOS ABAIXO:



1. Transcrição da entrevista a BRASIL DE FATO, de Michael Lowy.


http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/entrevistas/por-um-socialismo-latino-americano-no-seculo-21


RESERVATIVA


Michael Löwy: Por um socialismo latino-americano no século 21


Por jpereira


Última modificação 15/12/2006


Igor Felippe Santos


As organizações de esquerda precisam processar a fusão do pensamento marxista com as características particulares do povo da América Latina para promover a construção do socialismo do século 21. Para isso, é preciso incorporar as experiências dos diversos movimentos sociais, em especial o indígena e o camponês, protagonistas nas lutas sociais na região”.


A análise é do professor Michael Löwy, cientista social brasileiro radicado na França, onde leciona na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais da Universidade de Paris. “O motor da mudança passa por baixo, por movimentos sociais e correntes políticas capazes de exprimir essa radicalidade”, explica o professor. Segundo Löwy, a esquerda precisa encontrar o ponto de convergência entre as mobilizações camponesas, indígenas e o movimento urbano explosivo para atacar o capitalismo. “Socialistas e marxistas precisam pegar a bandeira do socialismo do século 21 e levar para o debate da esquerda e dos movimentos sociais”.


Jornal Sem Terra - Qual a trajetória do pensamento de esquerda na América Latina no século 20?


Michael Löwy - O primeiro período revolucionário foi nos anos 20 e 30, quando aparecem pensadores como José Carlos Mariátegui e Julio Antonio Mella. Também aconteceram levantes na Nicarágua, em El Salvador e no Brasil. A partir dos anos 30, passa a predominar o stalinismo burocrático e o reformismo, que já não sendo mais revolucionários, conduziram a esquerda latino-americana a um impasse. Até que acontece a Revolução Cubana em 1959, inaugurando uma nova época revolucionária. Daí, surgiram (SIC) uma série de movimentos de luta, guerrilhas e mobilizações sob a influência do exemplo de Cuba e do pensamento de Che Guevara. Esse período termina com a derrota dos sandinistas, na Nicarágua, em 1990. O impacto da revolução cubana, por outro lado, ainda persiste de maneira menos evidente na cultura política que surge das lutas sociais.


JST - Em vários países foram eleitos presidentes com origem na esquerda. Como o professor vê esse novo quadro?


ML - Muitas vezes quando discutimos a América Latina, vamos para o lado dos governos de esquerda. É um aspecto importante, mas não podemos nos limitar a isso. Nos últimos 10 anos, aconteceram (SIC) uma série de vitórias políticas da esquerda (no sentido bem geral da palavra) na região. Examinando mais de perto o fenômeno, vemos duas vertentes. Uma de ruptura ao neoliberalismo, como a revolução bolivariana, na Venezuela; o processo na Bolívia e em Cuba. Forma-se um eixo antiimperialista, que busca romper com o neoliberalismo. A outra vertente é formada por governos que não romperam com o modelo econômico, mas que procuram dar uma variante mais social, o que chamo de social-liberalismo. Neste quadro estão o presidente Lula, no Brasil, Tabaré Vázquez, no Uruguai, Michele Bachelet, no Chile, e Néstor Kirchner, na Argentina. Não são governos da direita neoliberal, mas não enfrentam esse modelo. Dentro do campo do social-liberalismo, tem uma vertente mais aberta ao livre comércio, aceitando as idéias dos tratados comerciais dos Estados Unidos, como o governo chileno e, em parte, o uruguaio. O outro setor aposta na integração latino-americana, como Brasil e Argentina. Os governos à esquerda ganharam porque há um descontentamento social enorme na região. Os 20 anos de políticas neoliberais do Banco Mundial e do FMI (Fundo Monetário Internacional) tiveram conseqüências sociais catastróficas para a maioria da população. Foram agravadas as desigualdades sociais e as conseqüências ecológicas foram dramáticas.


JST - Nesse contexto, como você avalia a atuação desses governos?


ML - Os governos geralmente correspondem pouco à ânsia de mudanças radicais, com exceção da Venezuela e Bolívia. A esperança de mudanças não pode esperar o cumprimento de suas promessas. Não podemos apostar na existência de disputas internas que mudem a correlação de forças dos governos. A mudança passa mesmo pela capacidade dos setores populares se organizarem e lutarem para mudar o quadro. Isso vale para todos os países, inclusive para os mais avançados. A Venezuela, por exemplo, passa por um processo muito interessante, mas é excessivamente dependente de uma pessoa, no caso, Hugo Chávez, e de iniciativas que acontecem de cima para baixo.


JST - O que a esquerda latino-americana precisa fazer para efetuar as transformações sociais na região?


ML - A mudança depende da auto-organização popular, social e política. É importante ter expressões políticas, partidos e correntes partidárias radicais de esquerda. Os partidos devem ser a expressão dos movimentos populares, e não manipuladores eleitorais. O motor da mudança passa por baixo, por organizações sociais e correntes políticas capazes de exprimir essa radicalidade. Nos últimos 20 anos, o movimento camponês e indígena tem sido o mais ativo, combativo e radical. É o mais importante na América Latina. Isso vale para Brasil, México, Equador, Bolívia (em parte, porque há uma convergência de urbano e rural). Com exceção da Argentina, onde o motor das lutas é a população urbana pobre; da Venezuela, que tem a população pobre da periferia urbana saindo às ruas para apoiar Chávez; e agora tem Oaxaca, no México.


JST – É comum algumas organizações de esquerda usarem as lutas sociais para justificar suas linhas de pensamento e doutrina. Como podemos analisar o quadro político e social sem resumir experiências particulares a modelos europeus pré-concebidos?


ML - Boa parte da esquerda latino-americana ainda pensa com base em modelos como o leninista, maoísta ou trotskista. Temos muito a aprender com o pensamento marxista europeu e asiático. O marxismo e o socialismo são universais. O arroz, por exemplo, é o mesmo em todos os países, mas cada povo tem a sua maneira de prepará-lo. O arroz socialista deve ser preparado aqui na América Latina, da nossa maneira e com nossos temperos afro-indígenas. O desafio é não cair na idéia de socialismo nacional nem pensar que está tudo nas obras de Marx, Lênin ou Trotski. Precisamos ter a humildade de aprender com as experiências de lutas sociais. Não podemos impor o nosso esquema e enquadrar os movimentos.


JST - Se os camponeses e indígenas, que não estão no centro da produção do capital, são os protagonistas políticos, como fica o marxismo latino-americano?


ML - O marxismo é formidável, mas precisa ser atualizado e ‘latino-americanizado’. É preciso dar conta da importância dos camponeses. Não só de agora, mas desde o começo do século passado. Os pensadores que trataram de aplicar o método marxista de forma criativa na região se deram conta que o campesinato tem um papel muito mais importante do que na Europa ou até do que imaginava Marx. É preciso ler de maneira diferente da forma clássica da esquerda, baseada no operariado da fábrica urbana. Como o capitalismo funciona a partir da produção e da indústria, os operários podem parar as máquinas. Isso é importante, mas não é suficiente para derrubar um sistema. O capitalismo é um sistema político, social e econômico que só se derruba com uma ação revolucionária. Para isso, é preciso ter a maioria da população, que não é formada por operários fabris, mas por camponeses e massa pobre urbana. Apesar da sua importância, a idéia da revolução como tarefa da classe operária e industrial nunca correspondeu à realidade, muito menos na América Latina. Precisamos ter uma visão ampla do sujeito do processo revolucionário. O capitalismo sempre pode dar a volta por cima enquanto controlar o aparelho de Estado e a hegemonia. É preciso quebrar a hegemonia ideológica e o controle político do capital.


JST - Em meio aos movimentos camponeses e indígenas e as revoltas urbanas explosivas, qual o desafio para a esquerda para resistir ao neoliberalismo?


ML - O desafio é encontrar o ponto de convergência das mobilizações camponesas e indígenas com o movimento urbano explosivo que está aparecendo, em torno de um combate comum: o rompimento da hegemonia neoliberal e imperialista. E também para buscar alternativas. Se nós queremos ser radicais, precisamos atacar pela raiz o mal do neoliberalismo, da dominação, da dependência e da pobreza. Em última análise, a raiz é o capitalismo. Essa compreensão pouco a pouco vai se desenvolvendo em terras latinas. Se o problema é buscar uma alternativa ao capitalismo, se coloca novamente a questão do socialismo. Socialistas e marxistas precisam pegar a bandeira do socialismo do século 21 e levar para o debate da esquerda e dos movimentos sociais. Temos que colocar a perspectiva do socialismo, sabendo que não virá amanhã, mas como uma forma de alimentar as nossas lutas atuais, que são bastante concretas e imediatas.


JST - Como o professor vê a idéia do socialismo do século 21 no contexto latino-americano?


ML - O desafio colocado por Chávez de pensar o socialismo do século 21 é muito rico. Precisamos lembrar das idéias de Mariátegui do socialismo indo-americano, que eu chamaria de afro-indo-americano. O socialismo não será cópia de outras experiências, mas uma criação heróica dos povos. Precisamos fazer um balanço crítico tanto da social-democracia como dos países do leste europeu. O socialismo do século 21 só tem futuro se incorporar as experiências dos movimentos sociais, indígenas, camponeses, negros, mulheres e ambientalistas. Por aí passa a utopia revolucionária latino-americana.


JST - A América Latina seria o terreno mais fértil para a construção de um novo socialismo?


ML - Não conheço suficientemente a experiência dos movimentos sociais na África e na Ásia, mas a América Latina parece a ponta avançada desse processo. Só que não se pode esquecer o resto do mundo: é preciso ser uma locomotiva para puxar outros vagões. É importante construir pontes entre lutas sociais e movimentos de esquerda aqui, na Europa, na África e na Ásia. O imperialismo e o capitalismo são um sistema mundial. O Fórum Social Mundial e a Via Campesina são um passo importante, mas a esquerda mais radical e antiliberal precisa construir outros espaços. Há poucas experiências de discussão, relacionamento e entrosamento da esquerda a nível internacional.


JST - Como o professor vê a conjugação dos movimentos sociais com luta ambiental para a construção da hegemonia política?


ML - A questão ecológica e ambiental é o grande desafio para o marxismo no século 21. É um dos problemas centrais no qual se revela o caráter ameaçador do capitalismo para a existência da humanidade. É um dos grandes argumentos do anticapitalismo. A questão do meio ambiente está passando cada vez mais das margens para o centro do debate político. Podemos mostrar que isso não depende de boa ou má vontade dos capitalistas, mas a destruição do equilíbrio ecológico do planeta é da própria lógica expansionista de acumulação do capital. Os marxistas, socialistas e movimentos sociais têm que tomar a questão como uma bandeira fundamental. É muito positivo o MST assumir cada vez mais a questão ecológica. A luta contra os transgênicos e contra os eucaliptos permite uma convergência do movimento camponês, ambientalista e a opinião pública. Isso reforça as mobilizações. Ou o socialismo vai ser verde e ambientalista ou não vai conseguir avançar. A destruição do ambiente pelo capitalismo não é apenas um problema das gerações futuras, mas de quem vive hoje. É preciso colocar isso no centro da reflexão do pensamento socialista.


Glossário:



José Carlos Mariátegui (1894–1930): ativista peruano, é um dos maiores expoentes do socialismo latino-americano, baseado no mundo indígena. É autor de Os sete ensaios de interpretação da realidade peruana.Julio Antonio Mella (1903-1929) foi um destacado revolucionário cubano. Líder estudantil na Universidade de Havana, foi presidente do Primeiro Congresso Nacional de Estudantes e fundou a Universidade Popular José Martí. Fundou o primeiro partido marxista de Cuba.Quem éMichael Löwy é cientista social brasileiro radicado há quatro décadas na França. Leciona na Escola de Altos Estudos em Ciências Sociais, da Universidade de Paris. Nascido em 1938, é especialista em Karl Marx, Rosa Luxemburgo e Georg Lukács. É autor de "Marxismo na América Latina".


3. O perigo sou eu


Olavo de Carvalho


Diário do Comércio


24 de setembro de 2007



Peço ao leitor a gentileza de examinar brevemente esta seqüência de fatos:

· Abril de 2001: o traficante Fernandinho-Beira Mar confessa que compra e injeta no mercado brasileiro, anualmente, duzentas toneladas de cocaína das Farc em troca de armas contrabandeadas do Líbano.



· 7 de dezembro de 2001: O Foro de São Paulo, coordenação do movimento comunista latino-americano, sob a presidência do sr. Luís Inácio Lula da Silva, lança um manifesto de apoio incondicional às Farc, no qual classifica como “terrorismo de Estado” as ações militares do governo colombiano contra essa organização.

· 17 de outubro de 2002: O PT, através do assessor para assuntos internacionais da campanha eleitoral de Lula, Giancarlo Summa, afirma em nota oficial que o partido nada tem a ver com as Farc e que o Foro de São Paulo é apenas “um foro de debates, e não uma estrutura de coordenação política internacional”.

· 1º. de março de 2003: O governo petista estende oficialmente seu manto de proteção sobre as Farc, recusando-se a classificá-las como organização terrorista conforme solicitava o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe.



· 24 de agosto de 2003: O comandante das Farc, Raul Reyes, informa que o principal contato da narcoguerrilha no Brasil é o PT e, dentro dele, Lula, Frei Betto e Emir Sader.



· 15 de março de 2005: Estoura o escândalo dos cinco milhões de dólares das Farc que um agente dessa organização, o falso padre Olivério Medina, afirma ter trazido para a campanha eleitoral do sr. Luís Inácio Lula da Silva. O assunto é investigado superficialmente e logo desaparece do noticiário.



· 2 de julho de 2005: Discursando no 15º. Aniversário do Foro de São Paulo, o sr. Luís Inácio Lula da Silva entra em contradição com a nota de 17 de outubro de 2002, confessando que o Foro é uma entidade secreta, “construída para que pudéssemos conversar sem que parecesse e sem que as pessoas entendessem qualquer interferência política”, que essa entidade interferiu ativamente no plebiscito venezuelano e que ali, em segredo, ele próprio tomou decisões de governo junto com Chávez, Fidel Castro e outros líderes esquerdistas, sem dar ciência disto ao Parlamento ou à opinião pública.



· 9 de abril de 2006: o chefe da Delegacia de Entorpecentes da PF do Rio, Vítor Santos, informa ao jornal O Dia que “dezoito traficantes da facção criminosa Comando Vermelho — entre eles pelo menos um da Favela do Jacarezinho e outro do Morro da Mangueira — vão periodicamente à fronteira do Brasil com a Colômbia para comprar cocaína diretamente com guerrilheiros das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Os bandidos são alvo de investigação da Polícia Federal. Eles ocuparam o espaço que já foi exclusivo de Luiz Fernando da Costa, o Fernandinho Beira-Mar”.



· 12 de maio de 2006: o PCC em São Paulo lança ataques que espalham o terror entre a população. Em 27 de dezembro é a vez do Comando Vermelho fazer o mesmo no Rio de Janeiro.



· 18 de julho de 2006: o Supremo Tribunal Federal, sob a pressão de um vasto movimento político orquestrado pelo PT, concede asilo político ao falso padre Olivério Medina, agente das Farc.



· 16 de maio de 2007: o juiz Odilon de Oliveira, de Ponta-Porã, divulga provas de que as Farc atuam no território nacional treinando bandidos do PCC e do Comando Vermelho em técnicas de guerrilha urbana.



· 12 de fevereiro de 2007: as Farc fazem os maiores elogios ao PT por ter salvo da extinção o movimento comunista latino-americano por meio da fundação do Foro de São Paulo.



· Agosto de 2007: Nos vídeos preparatórios ao seu 3º. Congresso, o PT admite que seu objetivo é eliminar o capitalismo e implantar no Brasil um regime socialista; e fornece ainda um segundo desmentido à nota de Giancarlo Summa, ao confessar que o Foro de São Paulo é “um espaço de articulação estratégica” (sic).



· 19 de setembro de 2007: Lula oferece o território brasileiro como sede para um encontro entre Hugo Chávez e os comandantes das Farc.



Entre esses fatos ocorreram outros inumeráveis cuja data não recordo precisamente no momento, entre os quais o fornecimento maciço de armas às Farc pelo governo Hugo Chávez, uma campanha nacional de mídia para desmoralizar o analista estratégico americano Constantine Menges que divulgava a existência de um eixo Lula-Castro-Chávez-Farc, os tiroteios entre guerrilheiros das Farc e soldados do Exército brasileiro na Amazônia, as denúncias de que as Farc davam treinamento em guerrilha urbana aos militantes do MST e, é claro, várias assembléias gerais e reuniões de grupos de trabalho do Foro de São Paulo.



A existência de uma ligação profunda, constante e solidária entre o PT e as Farc é um fato tão bem comprovado, que quem quer que insista em negá-la só pode ser parte interessada na manutenção do segredo ou então um mentecapto incurável.



Também não me parece possível ocultar a evidência de que essa ligação não é só bilateral, mas envolve, em maior ou menor grau, todas as entidades participantes do Foro de São Paulo, a maior organização política do continente, da qual as Farc e movimentos similares constituem os diversos braços armados, atuando em torno e dentro do território brasileiro sob a proteção do nosso governo federal, chefiado, como se sabe, pelo próprio fundador do Foro de São Paulo.



Não me perguntem como e por que fatos dessa magnitude nunca foram objeto de uma CPI, nem sequer de um breve debate no Congresso, muito menos de algum esforço de reportagem da parte de uma mídia que se gaba de ser tão afeita a investigações perigosas.



As explicações são muitas – espírito de traição, testemunhas que desaparecem, dinheiro que rola, cumplicidade, oportunismo, covardia, estupidez – e nem vale a pena repassá-las. Mas há uma que, pelo pitoresco, deve ser aqui registrada.



O vício dos cursos de auto-ajuda, pagos a peso de ouro e valorizados mais por isso do que por qualquer resultado comprovado, infundiu na classe dominante brasileira uma fé sem limites no poder do pensamento positivo. Muita gente nas altas rodas acredita piamente que, se você repetir com perseverança o mantra “O comunismo acabou”, o movimento comunista terá cessado de existir. Acredita até que, diante de sujeitos que se declaram abertamente comunistas, como os srs. Aldo Rebelo ou Quartim de Moraes, a firme decisão de pensar que eles são outra coisa há de transformá-los nessa outra coisa.



Quanto aos indivíduos que se associam aos comunistas, participam de congressos comunistas, são tidos como comunistas fiéis pelos próprios comunistas e fazem planos para a tomada do poder continental junto com os comunistas, mas não admitem em público que são comunistas, a mera hipótese de que o sejam em segredo é repelida com desprezo ou indignação e alegada como prova de que o autor da sugestão é um perigoso extremista de direita, tão exagerado e fanático que talvez seja ele mesmo, sob camuflagem direitista, um agente provocador a serviço do comunismo internacional.



Chegamos assim à adorável conclusão de que o único comunista – ou pelo menos o único perigoso – sou eu.



Portanto, basta não me dar ouvidos, e pronto: o Brasil está a salvo da ameaça comunista. Não resta dúvida de que, nesse sentido, o Brasil tem hoje o mais vasto, organizado e poderoso front anticomunista já registrado ao longo de toda a História universal.



3.
O Partido Comunista Soviético do SecondLife


http://secondblog.blogtv.com.pt/2008/01/31/o-partido-comunista-sovietico-do-secondlife


Camaradas, o comunismo não morreu. E o Second Life também não. Eles marcaram um encontro nestas novas fronteiras virtuais, ainda féis às ideias de uma economia justa para todos e aqui no metaverso descobriram novas causas e novos inimigos. A seguir, os melhores trechos de uma entrevista com Supercool Sautereau, o primeiro-ministro do People's Soviet Communist Party:


"Nós queremos a libertação do mundo e uma vida melhor para as pessoas comuns(...) pode parecer ambicioso, mas esta é a natureza do comunismo soviético."

"O nosso objectivo é libertar os oprimidos do mundo: os pobres, os que não têm nenhuma propriedade, aqueles que são alvo de ataques... nós queremos criar uma nova sociedade, livre do capitalismo que infelizmente ultrapassou o mundo real e invadiu este mundo virtual".



"Um 'soviet' é um conselho de trabalhadores... este é o legado. A União Soviética, primeiro propulsor de um comunismo global, foi a nação que mais ajudou a destruir o Fascismo na 2ª Guerra Mundial".



"Um estado seguro e um futuro próspero sempre foram os objectivos da União Soviética. Hoje em dia o Partido Comunista é o segundo mais forte da Rússia".


4. PCdoB/MS inicia em Campo Grande sua jornada de cursos para quadros


De Campo Grande


Alexandre Eneas Altran


Secretário de Comunicação do PCdoB/MS


http://www.vermelho.org.br/museu/classe/296/internacional.asp


15 DE JUNHO DE 2007 - 17h50


Nos dias 02 e 03 de junho, em Campo Grande, com a participação de 32 pessoas, a maioria da capital, foi dada a largada para os cursos de capacitação de quadros da Escola Nacional do PCdoB em Mato Grosso do Sul. Serão realizados mais um curso em Campo Grande, um em Dourados (Região Sul), um em Corumbá (Região do Pantanal), um em Três Lagoas (Região do Bolsão) e um em Aquidauana/Anastácio. O objetivo do Comitê Estadual e da Seção sul-mato-grossense da Escola Nacional, que está em processo de formação, é reunir 150 militantes em todo o estado.


O primeiro curso foi realizado sob o regime de internato. A aula “Nova luta pelo socialismo” foi ministrada pelo professor Moacir Abreu, presidente estadual do Partido. Já as aulas “Tática mais afirmativa e audaciosa do Partido” e “Audácia e determinação para estruturar o Partido à altura do atual projeto político” ficaram a cargo de Oswaldo Napoleão Alves, professor da Escola Nacional e membro da Comissão Nacional de Organização do PCdoB. No sábado à noite, foi exibido o vídeo “Camarada João”, numa homenagem ao grande dirigente comunista João Amazonas, falecido há 5 cinco anos. Logo após, Mario César Fonseca da Silva, secretário de organização do PCdoB/MS, realizou uma palestra sobre “Valores comunistas e valorização da militância”, sendo que o debate se prolongou até às 22 horas.


O Curso Intensivo de Capacitação de Quadros surgiu num momento importante da vida do PCdoB sul-mato-grossense, de crescimento e afirmação de um projeto político ousado para o estado, o que passa, entre outras coisas, pela determinação em lançar na capital candidatura própria a prefeito e uma nominata comunista para a Câmara de Vereadores. No primeiro curso, muitos dos novos filiados puderam realizar questionamentos e expor suas dúvidas, num rico processo de aprendizagem que se desenvolveu no transcorrer das aulas e dos debates.


Nos debates, percebeu-se elevado interesse e a assimilação pelos alunos de questões como o exame crítico e auto-crítico da experiência socialista na URSS; a reafirmação da perspectiva socialista e da identidade comunista do PCdoB; a noção de Partido marxista-leninista renovado, de amplas massas, mas apoiado na militância e nos quadros, que formam a sua coluna vertebral; o princípio do Centralismo Democrático; ofensiva neoliberal e defensiva estratégica; os conceitos de estratégia e tática; e a necessidade de ousadia na luta por um novo projeto nacional, atuando nas esferas dos governos e parlamentos, dos movimentos sociais e das idéias, assumindo de maneira plena a disputa eleitoral.


Mesmo sendo o curso apenas o primeiro passo no processo de formação e capacitação de novos quadros, um sentimento de satisfação envolveu os participantes, que saíram do curso compreendendo mais a política, a estruturação e o funcionamento do Partido Comunista do Brasil. Os comunistas sul-mato-grossenses pretender fazer com que este processo seja contínuo e intenso. !!!!!!


A mentira como um método e uma "questão política"


Por Reinaldo Azevedo


Ontem, no meio de uma pequena reportagem do Estadão dando conta de algumas divergências entre os petistas sobre a condução da campanha de Marta Suplicy à Prefeitura de São Paulo, publicou-se uma verdadeira pepita do mais puro petismo, da forma como essa gente vem fazendo política há 28 anos. Eu a encontrei ainda na madrugada, que é o período em que garimpo os jornais. Arregacei as mangas para pegá-la, mas recuei: "Ah, vamos ver se alguém comenta, né?" Mas quê... Pelo visto, a questão foi considerada normal, corriqueira, parte do jogo. Mas de que diabos estou falando? Vamos lá.


Paulo Frateschi é secretário de Organização do PT. Esses nomes que o petismo traz decalcados da tradição bolchevique ainda me empurrarão para um ensaio sobre as múltiplas formas da empulhação política. Mas não agora. Frateschi está um tanto descontente com a campanha de Marta. E então fez à reportagem do jornal a seguinte consideração: "É voz corrente no PT que devemos oferecer um combate mais político na disputa em São Paulo. Politizar a eleição é dizer que Kassab está privatizando a saúde; que, se ganhar, vai entregar o transporte coletivo aos empresários. Não podemos ficar só em comparações de governos e em sopa de números."


O que lhes parece? Observem que "comparação", para ele, virou "sopa de números" e, obviamente, não interessa. E por que não? Porque ela opõe objetividade a objetividade. Fez quantas salas de aula? Fez quantos hospitais? Quantos postos de saúde? Quantas vagas em creches. Ele não quer a comparação de sopas porque sabe que a dos petistas é mais cara e mais rala. Então, recomenda, a saída é fazer uma campanha "política".


E o que ele chama de campanha "política"? A MENTIRA! Sim, a mentira. Frateschi está defendendo que os petistas passem a mentir deliberadamente, sustentando que Kassab está "privatizando a saúde" — uma estupidez — e que "vai entregar o transporte coletivo aos empresários". A segunda acusação, então, é formidável porque tirada literalmente do nada. O fundo verossímil e falso da primeira está no fato de alguns hospitais municipais serem administrados — e muito bem — por fundações sem fins lucrativos.


O que o Sr. Fratechi está querendo é que, mais uma vez, a mentira seja usada como método para, bem..., para fazer o que se costuma fazer quando se mente: trapacear, ludibriar, enganar. A isso este valente chama "combate político". Para ele, como se vê, a divergência de idéias e de propostas não tem o melhor valor. Na verdade, ela deve ser esmagada, suprimida pelas várias formas do falso. É uma fala indecente, Sr. Frateschi; asquerosa mesmo. Porque o Sr. não conseguirá apresentar evidências nem de uma coisa nem de outra.


Seria ele só uma voz destrambelhada do petismo de São Paulo? Nada! Vejam lá o cargo: ele é comissário de Organização do partido, membro do Diretório e da Executiva nacionais, um capa-preta poderoso na "organização". A mentira como método — bem-sucedido, diga-se — foi empregada no segundo turno de 2006, quando o PT lançou o boato de que, se vitorioso, Alckmin privatizaria a Petrobras e o Banco do Brasil. O PSDB não deu uma resposta política a tempo, e restou ao candidato tucano vestir uma jaqueta cheia de logos de estatais.


Não, não estou sugerindo que a mentira, desta feita, se lançada, vá surtir algum efeito. Escandaliza-me é que o dirigente do maior partido do país, que está no poder, a assuma como método com tanta clareza, com tanta desfaçatez. E que nada se diga a respeito. Imaginem se o DEM saísse por aí afirmando que, se eleito, o PT vai confiscar casas de quem tiver mais de um imóvel para abrigar sem-teto. O mundo viria abaixo. Editoriais e artigos escandalizados apontariam a demonização de um partido pela, como é mesmo?, direita rancorosa. Já escrevi e reitero: não basta à esquerda reivindicar o monopólio da verdade; ela também quer ter o da mentira.


O evento, como circunstância, expõe um dado positivo sobre a candidatura Kassab? Acho que sim. Parece que está difícil combatê-lo no terreno dos fatos, das evidências, do que realmente diz respeito à vida dos paulistanos. Então se apela à mais desabrida mentira. Mas isso é só, como eu disse, circunstância. Na essência, tem-se aí a defesa da política como dolo, como engodo, como trapaça, como manipulação.


Na entrevista que dei a Edney Silvestre, da Globo News, lembrei a trágica herança em corpos deixada pela esquerda. Há grandes assassinos que não eram ou não são de esquerda. Mas me digam um apenas que seja usado como referência positiva, a não ser por alguns sectários malucos. Com a esquerda, é diferente. Até hoje, um Niemeyer, com direito a falar besteira além dos 100 anos, é ouvido como homem de respeito mesmo quando defende o stalinismo, que matou 35 milhões. O fato de os comunistas não estarem na mesma lata do lixo onde, com muita justiça, estão as várias formas do fascismo (inclusive alemão) é desses eventos que devem nos envergonhar. O que isso quer dizer? Que a morte foi alçada, no esquerdismo, à condição de uma teoria política e de instrumento da utopia.


A fala de Frateschi merece consideração análoga. Não, ele não é o primeiro político a propagar mentiras. O PT, está claro, não é a primeira legenda a preferir o oposto da verdade. Mas o petismo é único, sim, em transformar a burla num método, numa visão de mundo, numa escolha, numa, enfim, teoria política.

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