quarta-feira, outubro 08, 2008

URIBE DENUNCIA A REDE EUROPÉIA DAS FARC

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Maite Rico

Em Madri

Tradução: Luiz Roberto Mendes Gonçalves


A detenção de uma espanhola abre a ofensiva contra uma dezena de membros da guerrilha. A Colômbia procura a colaboração de sete países, entre eles Suíça, Suécia e Dinamarca.


A detenção no sábado (27) da espanhola Remedios García Albert é o ponto de partida de uma ofensiva diplomática e policial do governo colombiano contra as redes das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc) na Europa.


Estão no ponto de mira uma dezena de membros do grupo armado em sete países europeus. Trata-se de integrantes da chamada Comissão Internacional (Comintern) que desenvolvem tarefas de propaganda e de apoio logístico e financeiro.


À frente dessa comissão estava Raúl Reyes, o número 2 das Farc, morto em março passado em um bombardeio contra seu acampamento. Os computadores do guerrilheiro que foram apreendidos abriram para as autoridades colombianas os segredos mais bem guardados das Farc, entre eles redes internacionais que surpreenderam os especialistas em inteligência.


Se as cumplicidades da guerrilha na Venezuela, no Equador ou Nicarágua tinham difícil solução, a Europa, em troca, era um terreno mais fértil para a cooperação, depois que a UE incluiu as Farc na lista de organizações terroristas em junho de 2002.


"Apesar disso, encontramos muita hesitação a atuar", explica de Bogotá Sergio Jaramillo, vice-ministro da Defesa. "Os computadores de Reyes ajudaram muito porque deixaram claro o mapa."

A Colômbia também não estava nas melhores condições para pedir ajuda. O seqüestro da franco-colombiana Ingrid Betancourt tinha atado as mãos do presidente Álvaro Uribe. Qualquer ofensiva em solo europeu encontrava resistência da França, que pressionava para que não se fizesse nada que pudesse pôr em risco a vida da refém. O resgate espetacular da ex-candidata presidencial e de outros 14 seqüestrados, em 2 de julho passado, deixou Uribe com as mãos livres para exigir a cooperação européia.


Suécia, Dinamarca, Alemanha, Espanha, Itália, Bélgica e principalmente Suíça receberam o pedido de colaboração das autoridades colombianas. A Espanha deu o primeiro passo. "A detenção de Remedios García Albert é muito importante", comenta uma fonte do serviço secreto colombiano. "De imediato se fecham espaços para eles na Espanha. Além disso, sua captura envia a mensagem de que colaborar com as Farc tem um preço. E sobretudo é a primeira vez que a informação dos laptops de Reyes fundamentam uma ação judicial." As milhares de mensagens eletrônicas, cuja autenticidade foi certificada pela Interpol, constituem provas.


As Farc lançaram seu projeto internacional nos anos 1980, aproveitando a onda de simpatia que tinham despertado a guerrilha de El Salvador ou a revolução sandinista. Enquanto o fornecimento de armas se concentrou no Vietnã, Nicarágua, Oriente Médio e alguns países ex-soviéticos, e as redes financeiras se expandiram em paraísos fiscais como Panamá e as ilhas Cayman, a Europa sempre foi a retaguarda política. Seu momento culminante foi entre 1999 e 2002, quando o governo colombiano lhes concedeu um território desmilitarizado durante as negociações de paz. Até lá chegaram numerosos jovens europeus com preocupações sociais, e os dirigentes da guerrilha percorreram a Europa com uma projeção política sem precedentes.


O fiasco da negociação e a inclusão das Farc na lista de grupos terroristas deram uma reviravolta na situação. As ligações com o narcotráfico e os seqüestros, o recrutamento de menores, as chacinas da população civil e os crimes de lesa-humanidade acabaram por destruir a imagem do grupo armado. O governo colombiano, que impôs às Farc os piores revezes neste último ano, está decidido agora a que os apoios internacionais não dêem oxigênio para uma organização armada cada vez mais deslocada.

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