quarta-feira, novembro 19, 2008

Meirelles reclama com amigos da agressividade e falta de educação de Lula e está louco para sair do BC

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Por Jorge Serrão

Sábado, Outubro 25, 2008

Edição de Sábado do Alerta Total http://www.alertatotal.blogspot.com



O presidente Henrique Meirelles voltou a manifestar a amigos dele a vontade de deixar o Banco Central. Só que Meirelles sabe que não pode fazer isso no momento, porque agravaria a crise de confiança. O desgaste de Meirelles chega ao limite por causa de bate-bocas com o chefão Lula da Silva. Na quinta-feira, Meirelles ficou injuriado pelo jeito agressivo e deseducado com que Lula o tratou numa reunião. Lula cobra milagres que Meirelles não pode produzir como líder da autoridade monetária.

O troco de Meirelles em Lula veio publicamente, mas fora do País, onde ele reina em prestígio. Em palestra a investidores nos EUA, o presidente Henrique Meirelles mandou ontem um recadinho para Lula. Meirelles afirmou que é preciso parar com as "piadas" a respeito da crise global. Meirelles foi claro: "É uma situação muito séria". Meirelles sabe que a crise, antes restrita a atividades financeiras, atingiu a economia real. O discurso irreal de Lula deixa Meirelles irritado.


Meirelles voltou a alegar que o Brasil está em situação favorável e, com outros emergentes, tem sido um "estabilizador". O presidente também defendeu as medidas oficiais contra a crise. Acontece que, na contramão do discurso dele, a intensificação das intervenções do Banco Central no mercado de câmbio foi insuficiente para deter a alta do dólar, que subiu 0,95% para R$ 2,327. Ontem, o BC interveio quatro vezes no mercado de câmbio e usou US$ 2,8 bilhões para baixar a cotação da moeda norte-americana. Na semana, o dólar se valorizou 9,76%. No ano, a valorização é de 30%.


As empresas brasileiras podem perder até US$ 10 bilhões com derivativos cambiais, devido à desvalorização do real em relação ao dólar. A previsão representa um prejuízo de 23% sobre cerca de US$ 44 bilhões aplicados em derivativos cambiais pelas empresas nacionais. A assustadora previsão é do economista-chefe do Banco Itaú Holding Financeira, Tomás Málaga. Mas o ex-diretor do Banco Central (BC) Paulo Vieira da Cunha prevê que os prejuízos potenciais com esses contratos de derivativos cambiais poderiam totalizar US$ 27 bilhões.

As empresas informaram perdas cambiais de mais de R$ 5 bilhões (US$ 2,19 bilhões) desde o início da queda da moeda brasileira. Foram muito afetadas a Aracruz Celulose, produtora de celulose, à Sadia, companhia de processamento de carne de aves, além do grupo Votorantim. Ontem, o chefão Lula da Silva batraqueou que o governo não vai socorrer empresas que registraram perdas nos mercados de derivativos. Mas o presidente do BNDES, Luciano Coutinho, ponderou que a instituição pode socorrer empresas exportadoras que tiveram problemas com derivativos cambiais.


Ainda na contramão do discurso de Lula, será lançada uma linha de financiamento de capital de giro para as construtoras, que vai começar com R$ 3 bilhões e pode ser ampliada. O governo pensa em utilizar recursos do Tesouro Nacional, que repassaria o dinheiro ao BNDES e à Caixa Econômica Federal. Se o dinheiro público não vier, as grandes construtoras podem ter problemas de caixa com a escassez de crédito e correm o risco de não entregar empreendimentos aos mutuários.

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