domingo, março 22, 2009

Jovens de origem humilde formam a maioria esmagadora das Forças Armadas, mas o governo agora quer mudar esse quadro

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SÓ DEVE SERVIR ÀS FFAA QUEM DESEJA FAZÊ-LO, POR RAZÕES ÓBVIAS. NÃO É JUSTO ATRAPALHAR POR UM ANO A VIDA DE GENTE QUE NÃO QUER SERVIR À FORÇA, AINDA MAIS POR UM SALÁRIO MENSAL DE R$ 480,00. ESSA PARTE DO PLANO NAC. DE DEFESA CHEIRA À DITADURA. FAZEM TUDO AO CONTRÁRIO: AO INVÉS DE MELHORAR AS CONDIÇÕES DE PRESTAÇÃO DE SERVIÇO E DE SALÁRIO, PRIMEIRO, PARA ATRAIR JOVENS UNIVERSITÁRIOS E/OU DE CLASSE MÉDIA ALTA, NATURALMENTE, COMEÇAM PELA OBRIGATORIEDADE. ASSIM COMO NAS UNIVERSIDADES, AGORA, EXIGEM O CUMPRIMENTO DE COTAS PARA ABSORÇÃO DE JOVENS PESSIMAMENTE FORMADOS PELO SISTEMA DE EDUCAÇÃO FUDAMENTAL E DE ENSINO MÉDIO FALIDO, AO INVÉS DE, PRIMEIRO, FORMAR ADEQUADAMENTE ESTES JOVENS PARA QUE CHEGUEM NATURALMENTE ÀS UNIVERSIDADES. A CULTURA DO IGUALITARISMO E DA PSEUDO JUSTIÇA SOCIAL ACABA SEMPRE PROVOCANDO DESASTRES, SIMPLESMENTE PORQUE PARTE DE PREMISSAS ERRADAS. HOMENS NÃO SÃO IGUAIS, SÃO DIFERENTES ENTRE SI E TÊM EXPECTATIVAS DIFERENTES EM RELAÇÃO À VIDA. QUANDO É QUE ESSA GENTE VAI APRENDER QUE O MAIOR ESTÍMULO PARA O DESENVOLVIMENTO SOCIAL É VALORIZAR A MERITOCRACIA?

Artigo


Por Hugo Marques

Projeto - O governo quer que não apenas os pobres, mas também a classe média e os ricos sirvam no Exército - 1,6 milhão é o número de jovens que se alistaram no serviço militar em 2008 - 80 mil é o número de recrutas incorporados nas Forças Armadas - 1,2% dos incorporados cursa faculdade em 2008


Ao sair de Patos de Minas no início de 2008, o estudante Adiel Gaspar de Azevedo, 18 anos, deixou para trás a namorada, a família de nove irmãos, a mãe faxineira e uma proposta de emprego com salário de R$ 1.580. Ele viajou para Brasília para ganhar R$ 207 mensais e realizar um sonho que tinha desde os seis anos de idade: alistar-se no Exército. "Aqui, até o castigo é bom, tem que fazer flexão", diz Azevedo. "Eu quero continuar no Exército, mesmo que para isso tenha que ganhar bem menos." Ele fez um curso de telecomunicações no 32º Grupo de Artilharia de Campanha e hoje conseguiria um emprego numa telefônica ou em empresa de segurança privada. A maioria dos recrutas, diz ele, alista-se pelo sonho de seguir a carreira militar. Um número cada vez maior de jovens de origem pobre, que não ingressaram na faculdade, escolhe as Forças Armadas por opção. São eles que formam a maioria esmagadora dos recrutas brasileiros, embora o Exército não disponha de uma estatística oficial, relacionando a classe social dos recrutas. O governo, porém, com sua Estratégia Nacional de Defesa, quer mudar o perfil do recruta, transformando-o num espelho de todas as classes sociais. O objetivo do Ministério da Defesa é fazer com que jovens ricos e da classe média alta também façam o serviço militar.


Por ano, mais de 1,6 milhão de jovens de 18 anos se alistam nas Forças Armadas, mas somente 80 mil são escolhidos como recrutas. O Brasil é um dos 83 países que adotam o serviço militar obrigatório, entre as 143 nações que têm Forças Armadas estruturadas, a exemplo de Israel, Suíça, Rússia, China e Alemanha. Aqui, a conscrição se tornou lei em 1916, depois de uma campanha do escritor Olavo Bilac. Hoje, porém, é quase impossível que um jovem que não queira ingressar numa das três Forças seja obrigado a servir. É muito jovem para pouco quartel. Só a apresentação é obrigatória. Até meados da década de 1980, jovens das camadas mais abastadas eventualmente serviam. Recentemente, o comandante militar da Amazônia, general Augusto Heleno Pereira, responsável pela maior região militar do planeta, disse a um amigo que a Estratégia Nacional de Defesa, ao impor que os ricos também ingressem no serviço militar obrigatório, cria uma situação difícil. "Já tentamos incorporar gente de classe média alta nas décadas de 1980 e 1990, mas foram os anos em que tivemos mais problemas disciplinares", afirmou Heleno.


"Atualmente, o Exército só incorpora a classe média baixa e o pobre, dificilmente tem rico."


O Comando do Exército, por intermédio de seu Centro de Comunicação Social, informa que a renda familiar dos alistados não é levada em consideração no momento do processo de seleção militar e por isso não dispõe de dados estatísticos sobre o assunto. "O contingente de recrutas espelha o perfil da sociedade brasileira, na medida em que o serviço militar é obrigatório", diz a nota em resposta à ISTOÉ. "A ele acorrem representantes de todos os estratos econômicos, políticos, sociais e raciais da população."


Mas a escolaridade permite traçar um perfi l do recruta do Exército. Os números do próprio Comando mostram que o nível caiu. Em 2006, os incorporados que tinham ingressado em curso superior chegou a 4,6% dos inscritos, ou 4,4 mil recrutas.


Neste ano caiu para 1,2% o percentual de incorporados com curso superior, 1.007 recrutas. Nos últimos cinco anos, aumentou o percentual de recrutas que têm apenas o ensino fundamental. Em 2004 eram 23%. Neste ano, 24,1%.


Os militares acreditam que o aumento salarial concedido pelo presidente Lula à categoria atraia ainda mais jovens pobres. No início do ano, o pagamento mensal de R$ 207 subiu para R$ 415. Este aumento, que fez o soldo alcançar o salário mínimo, foi festejado pelo recruta Tiago dos Santos Marculino, 22 anos. "Consigo ajudar minha família com esse dinheiro", diz ele. "O Exército ajuda a pessoa a diferenciar a necessidade do luxo." Marculino fez um curso de montagem e desmontagem de motores a diesel no 16º Batalhão Logístico do Exército, em Brasília. Ele poderia ganhar três vezes mais se procurasse emprego em uma oficina mecânica, como iniciante, e dar mais dinheiro à mãe aposentada, que mora em Ceilândia, na periferia de Brasília. "Mas quero continuar a ser militar e depois fazer direito", diz Marculino. "O Exército dá um caráter melhor e uma visão de vida. Você tem uma ética moral mais aprimorada."


É por isso que o Ministério da Defesa vai insistir na tese da distribuição das vagas por todas as faixas sociais. O ministro Nelson Jobim discutiu o tema no mês passado em reunião com os membros da Comissão de Defesa da Câmara dos Deputados.

"Antes, o serviço militar refletia as diversas classes e regiões, mas passou a incluir só os mais pobres", diz o deputado Raul Jungmann (PPS-PE), um dos membros da comissão. "É preciso incluir todas as classes e todas as regiões do País." O ministro de Assuntos Estratégicos, Mangabeira Unger, que redigiu a minuta do decreto da Estratégia Nacional de Defesa, insiste que, se o Brasil quiser uma carreira militar democrática, as Forças Armadas têm de incluir todas as classes sociais. É também de Mangabeira a idéia de incorporar mais civis às Forças Armadas. "Todo esse processo que levou à formulação da Estratégia Nacional de Defesa foi conduzido por civis", diz Mangabeira. "A construção desse escudo forte de defesa terá como contrapartida a consolidação da autoridade civil em matéria de defesa."

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