Alberto Aprea
observador independente
Tradução: André F. Garcia
O que se segue, é um relato sobre o referendo realizado
Na manhã do domingo, dia da votação, percorri vários centros de votação do centro da cidade e conversei com algumas pessoas sobre o evento, entre elas Jorge “Tuto” Quiroga, que foi o vice de Hugo Banzer, até que este, por problemas de saúde, renunciou e ele assumiu como Presidente.
Ao ver que tudo ali se passava com tranqüilidade, ao meio-dia me dirigi a um bairro periférico, chamado “Plan
Saí do táxi, e comecei a caminhar a pé em direção ao centro do bairro, por uma espécie de avenida de terra. Poucas quadras depois, percebi ambulâncias em estado de espera. Ouvia-se grande quantidade de estampidos. No início, pensei que se tratava de disparos de armas de fogo; mas, ao me aproximar, pude ver que se tratava da polícia nacional, vinda de
Esses locais de votação estavam defendidos por gente do bairro favorável ao referendo, e por uma numerosa legião de jovens de
Esse grupo defendeu um dos colégios com mais seções de votação, nas várias ocasiões em que tentaram invadi-lo os agitadores do MAS que portavam paus e estrondosas bombas de artifício etc. Foi muito interessante ver a defesa do colégio, atacado por três frentes diferentes. Os mais jovens empurravam os demais, e iam correndo adiante, na direção em que vinham os atacantes, gritando “não temos medo de vocês”. Graças a essa defesa ele não foi tomado pelos agitadores; as atas de votação foram levadas em um veículo, acompanhado por outros automóveis e por um caminhão cheio de jovens em sua carroceria, armados de paus, pedras etc. Essas medidas preventivas foram tomadas por causa do “juramento” que os agitadores do MAS haviam feito na rotatória, centro da agitação, distante uns
Antes de passar pelo colégio, decidi me aproximar da praça da rotatória, de onde partiam as ordens para o deslocamento dos agitadores. Ali se revezavam os oradores, muitos deles vindos de
Note-se que, num bairro com 260.000 habitantes, os agitadores não passavam de
No final da votação nesse bairro, entrei em um dos ônibus que levavam pessoas para proteger um outro local de votação, a uma distância de 4 ou
Conto todos esses pormenores para que se possa sentir o clima de reação e mobilização que se criou em torno do referendo.
De volta ao centro da cidade, vi que a praça principal começava a se encher de gente, já estavam sendo divulgados os resultados das primeiras pesquisas de boca de urna que davam ampla vantagem ao “Sim”. Resultados parciais foram divulgados próximo à meia-noite. Nessa hora, a praça estava lotada. Considerando suas dimensões de 150m x 150m, com 3 pessoas por metro quadrado, haveria ali aproximadamente 67.000 pessoas.
Quando o prefeito, Rubén Costa, fez de passagem uma referência à luta contra o “marxismo” do governo central, houve aplausos e vivas; entretanto, mais adiante, disse que “a verdadeira revolução socialista se constrói”, e nesse momento houve um silêncio quase total na praça. Provavelmente algumas pessoas que estavam ali se deram conta de que certos líderes não são confiáveis.
Em resumo, tive a impressão de que nessa região – habitada por uma mescla heterogênea de pessoas, mas com uma mesma atitude de alma – há muito campo para uma ação anticomunista esclarecedora. Se eu tivesse que dar um conselho para os moradores dos departamentos onde também haverá referendo, eu insistiria que fossem votar, porque muitos dos que se abstiveram
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